Presidente da Ancine quer criar novo ciclo de desenvolvimento audiovisual

Por Marcos Pereira, do Rio de Janeiro

O desenvolvimento do audiovisual brasileiro. Essa foi a questão principal do discurso de posse do novo diretor-presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Manoel Rangel, que também é membro do Comitê Cen

O ministro Gilberto Gil falou sobre as diretrizes da Cultura e as políticas do país para o audiovisual, que classificou como setor estratégico. O ministro disse que é necessária uma maior participação do Estado, “fomentando e regulando o setor para, assim, tornar o Brasil um grande produtor de imagens e conteúdo”. “Hoje, isso é um assunto decisivo do Estado, é difícil crescer a economia sem ter um audiovisual robusto”, ponderou o ministro. Ele citou ainda a recente pesquisa feita pelo IBGE “que confirmou o potencial inexplorado do audiovisual: o Brasil tem 290 mil empresas culturais, com trabalhadores qualificados, ganhando em média cinco salários-mínimos e a cultura é o quarto item de consumo brasileiro. A pergunta é como a Cultura pode colaborar com o crescimento da economia?”, indagou o ministro.




O novo diretor-presidente, Manoel Rangel, primeiro agradeceu pela confiança depositada nele e, em seguida, discursou sobre o desenvolvimento do audiovisual, a importância da Ancine e criticou a falta de políticas públicas para o cinema nos governos anteriores. “Hoje, a Ancine está plenamente instalada, o que não foi uma tarefa simples, e é parte integrante do Estado brasileiro. O governo federal nos últimos quatro anos procurou construir a ponte entre a década anterior e este novo tempo”.




Distorções




“Na Ancine vamos corrigir as distorções, estimular e desenvolver o segmento. Trata-se de um mercado distorcido: das pouco mais de duas mil salas de cinema no Brasil, somente 700 concentram a maior parte do faturamento, 80% dos ingressos vendidos estão em mãos de quatro distribuidoras e nenhuma delas é brasileira, basicamente há somente uma operadora de TV por assinatura controlando o mercado e apenas uma TV aberta detém 70% da publicidade e 55% de audiência. Basicamente toda a programação é feita pelos próprios canais de TV”, criticou Manoel Rangel.




“Entretanto, a constatação dessa realidade do mercado brasileiro impõe uma política de audiovisual que se oriente pela desconcentração e a correção das distorções. É preciso fazer crescer o mercado, estimular, trazer novos empreendedores, propiciar um novo ciclo de desenvolvimento. Há o desafio de tornar o mercado atraente para novos investidores. Ter um forte investimento cultural. Ter mais e melhor a ocupação do mercado brasileiro pelo cinema nacional. Nossos produtos precisam ter mais inserção no mercado internacional, em particular na América do Sul. Com a lei aprovada em 2006, vamos criar um novo ciclo de desenvolvimento audiovisual, com mecanismos de patrocínio e investimento. O desenvolvimento do cinema e do audiovisual está indissoluvelmente ligado ao destino da nação”, afirmou o novo diretor-presidente da Ancine.




Influências


Por fim, Manoel Rangel agradeceu ao que ele chamou de “três influências distintas, mas igualmentes importantes” para sua formação. “Quero agradecer aos meus pais, que me deram a estrutura necessária para fazer cinema; a influência dos meus amigos do PCdoB, que me ensinaram o profundo amor pelo Brasil e pelos homens; e aos professores que deram a mim e aos meus companheiros as referências necessárias para o Brasil e o cinema. Espero honrar a livre e diversificada história do cinema brasileiro”, concluiu Rangel.




Para encerrar o seu mandato como presidente da Ancine, Gustavo Dahl, que ocupava o cargo desde a criação da Agência em 2001, falou sobre a importância da criação da Ancine e do seu papel no desenvolvimento do cinema nacional. Em seu discurso, o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, ressaltou a vocação do Rio de Janeiro para o cinema e a geração de empregos nessa área. O terceiro diretor da Ancine, Nilson Rodrigues, abordou o desafio de fazer com que os filmes nacionais cheguem às salas de cinema e afirmou que mais de 90% dos municípios não possui cinema.




A posse dos diretores da Ancine contou com a presença de diversas entidades ligadas ao setor de audiovisual, diretores de cinema, artistas e produtores. Entre eles, o cineasta Cacá Diegues, os atores e produtores Hugo Carvana e Paula Lavigne, o secretário de Audiovisual do ministério da Cultura, Orlando Senna, o secretário de Identidade e da Diversidade Cultural, Sério Mamberti, a presidente da TVE Brasil, Beth Carmona, o presidente da Agência Nacional do Petróleo, Haroldo Lima e o presidente da Anatel, Plínio de Aguiar Júnior. Também estiveram presentes os parlamentares do PCdoB: Jandira Feghali, Daniel Almeida e Fernando Gusmão, e o secretário nacional de Organização do Partido, Walter Sorrentino, além de dirigentes estaduais.