Sucessão na Câmara tem mais duas semanas de campanha

O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), trabalha, com resistência, para recuperar o terreno perdido para o petista Arlindo Chinaglia (SP) na disputa pela presidência da Câmara. Nos próximos dias, Rebelo enviará aos demais parlamentares uma carta com propost

Nos bastidores, Aldo Rebelo garante que não irá renunciar e nem está seduzido pela proposta de ganhar um ministério. A campanha ainda não terminou e os dois candidatos têm mais duas semanas pela frente até a eleição, no dia 1o de fevereiro.


 


Não está descartada a hipótese de um segundo turno. Num cenário de unidade partidária, os apoios obtidos até o momento já seriam suficientes para garantir a eleição de Chinaglia, superando em mais de dez votos o mínimo exigido pelo regimento. A votação, contudo, ocorre em regime secreto e inviabiliza qualquer controle partidário sobre o voto dos parlamentares.


 


Nesta semana, o PSDB deverá discutir sua posição no processo sucessório da Câmara. Boa parte da bancada do partido se reunirá nesta terça-feira (16), em Brasília, para rever o apoio à candidatura do petista Arlindo Chinaglia, anunciado na semana passada. O apoio à candidatura de Chinaglia recebe o aval dos governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais, mas contraria outros líderes, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; o presidente do Partido, Tasso Jeressati (CE) e o senador Artur Virgílio (AM).


 


O apoio à candidatura do PT, anunciado pelo líder tucano, Jutahy Junior (BA), foi motivado pela garantia de que os tucanos ganharão a vice-presidência da Câmara e os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, terão o comando das respectivas assembléias legislativas. O mesmo cargo seria garantido ao PSDB, na Bahia, governada pelo petista Jaques Wagner.



 
Salto alto



 
No governo, considera-se improvável uma derrota do candidato petista. Os que trabalham para a candidatura petista avaliam o cenário da semana passada como o melhor possível: o racha no PSDB e o estado de inanição de uma candidatura oposicionista.


 


Para esses políticos, a ação movida pela procuradoria da república do Distrito Federal contra o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), um dos principais articuladores do movimento dos 30 parlamentares que defendem uma Terceira Via, torna improvável a articulação.


 


Jungmann marcou para esta segunda-feira uma entrevista coletiva para apresentar a defesa à acusação de que desviou verbas públicas quando ocupou a pasta do Desenvolvimento Agrário, no governo Fernando Henrique. Apesar da baixa, está mantida para a terça-feira (16) a indicação do terceiro nome.


 


O deputado considera estranho que a apresentação da denúncia pelo Ministério Público tenha sido feita agora, num momento em que ele atua como um dos líderes do movimento que pretende apresentar um terceiro candidato à presidência da Câmara.


 


Terceira via


 


Esta semana espera-se também uma definição sobre o lançamento de uma terceira candidatura. Além de Aldo e Arlindo, outros nomes estão cotados para entrar na disputa, e uma atenção especial vem sendo dedicada ao deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).


 


Integrante do grupo de dissidentes, que defende a terceira candidatura, o deputado já admite a possibilidade de concorrer à presidência da Câmara, mas defende uma campanha com alguma viabilidade. A idéia inicial é mobilizar ao menos 15% dos votos da Câmara nesse primeiro momento – 75 dos 513 deputados – para então iniciar a articulação de uma aliança mais ampla.


 


A candidatura, se confirmada, contaria com os apoios do PPS, PV e PSOL, que reúnem cerca de 40 votos. Fruet aposta também em 20 votos de seu partido. O restante seria negociado com o PFL e parte dissidente do PMDB. Ele não tem pretensão de definir a disputa em primeiro turno, mas quer aproveitar o espaço aberto pela divisão governista e forçar um segundo turno numa candidatura anti-petista, negociando apoio com o grupo de Aldo Rebelo.


 


Outros cargos


 


Além das negociações em torno da presidência da Câmara dos Deputados, a disputa pelos demais cargos da Mesa também movimenta os bastidores do Congresso Nacional. A vice-presidência da Casa, por exemplo, foi fundamental para assegurar o apoio do PSDB à candidatura de Chinaglia, que em troca apoiará o deputado Nárcio Rodrigues, afilhado político do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, para ocupar o cargo.


 


Outro posto cobiçado é o de primeiro-secretário, responsável pela criação de cargos e pela definição de obras e licitações. As indicações mais recentes apontam o nome de Wilson Santiago, do PMDB, mas o deputado Inocêncio Oliveira, do PL, também está na disputa. Ao todo, a Mesa da Câmara dispõe de onze vagas, sendo sete para titulares e quatro para suplentes.


 


Todas os cargos são decididos no voto, mas as indicações obedecem ao critério da proporcionalidade.


 


De Brasília
Márcia Xavier
Com agências