Lula rejeita barganha; Arlindo ''já estava com a mão na taça''
De O Globo, hoje:
''O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e das Relações Institucionais, Tarso Genro, consideram que perderam o controle da disputa pela presidência da Câmara, que nada mais há a f
Publicado 19/01/2007 12:12
Para o público externo, o governo tenta demonstrar que não está preocupado com o desenrolar da disputa no Legislativo, apostando que um de seus aliados, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ou Chinaglia, vencerá a disputa. No entanto, internamente a aparente calmaria está se transformando em tormenta.
Todos estão preocupados com a possibilidade de a competição entre Aldo e Chinaglia produzir, sim, um resultado desastroso, como no episódio da eleição de Severino Cavalcanti, com a vitória da oposição.''
O pânico que se instalou no PT e no governo foi ilustrado ontem pelo próprio Chinaglia.
Ele disse se empenhar para ganhar no primeiro turno, mas admite que terá de trabalhar dobrado para garantir a vitória num eventual segundo turno, agora que há um terceiro nome na briga, Gustavo Fruet (PSDB-PR). Sobre essa possibilidade, o petista disse: ''Não tenho bola de cristal. Estou trabalhando para ganhar a eleição para presidente''.
Depois da entrevista, Chinaglia admitiu, em tom de brincadeira, que já considerava vencida a eleição.
''Eu há estava com a taça na mão e agora vou ter que trabalhar os votos''.
Numa conversa na noite de terça-feira, Lula disse ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, aliado de Aldo, que não vai permitir que o governo seja envolvido na disputa e que quem estiver fazendo ptromessas em nome do governo mente.
''Se alguém de qualquer governo da base estiver oferecendo qualquer coisa em nome do governo, é um oferecimento desonesto. É moeda falsa porque está oferecendo o que não tem como pagar. O governo não vai bancar acordo ou aliança feito nestas bases'', respondeu o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, ao ser perguntado sobre o assunto.
''Este não é o melhor cenário'', admite Wagner
Campos, presidente do PSB, deve formalizar o apoio do partido à candidatura de Aldo na semana que vem. Ele disse acreditar que o jogo não está decidido, apesar da vantagem de Chinaglia, que conta com o apoio do PMDB: ''Estamos fechados com a candidatura de Aldo. Mas a eleição na Câmara é como final de Copa do Mundo, só termina quando o juiz apita.''
''E os votos não são dos partidos, mas dos seus 513 donos'', afirmou, numa referência ao fato de a votação ser secreta. ''Com a candidatura do Fruet, temos dois turnos. Quem tiver medo dos dois turnos, que trate de administrá-lo.''
O governador baiano Jacques Wagner (PT) concorda. Ele acredita que nenhum dos candidatos sairá do páreo. Lembrou ainda que os petistas não podem reclamar, porque já tiveram candidaturas independentes, como a dos então deputados José Genoíno e Aloizio Mercadante à presidência da Câmara, quando o partido estava na oposição.
''Este não é o melhor cenário. Deveríamos ter conseguido unificar. Mas qualquer um tem o direito de lançar a sua candidatura. Sempre defendemos essa tese'', ponderou Wagner.
Enquanto Aldo e Chinaglia corriam sozinhos em busca de votos, a preocupação do governo restringia-se ao pós-eleição: curar as feridas e reunir os aliados para pôr em prática o tão anunciado governo de coalizão. Agora, com o lançamento da candidatura de Fruet, há pesadelos com a repetição do efeito Severino — quando dois petistas perderam.
O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, que esteve anteontem no Planalto para um evento de prefeitos aliados com o presidente Lula, desabafou para um aliado: ''Meu Deus do céu, vai dar m… Tudo caminha para o mesmo desfecho. O PT vai cometer o mesmo erro duas vezes!''
Aldo e Chinaglia conversaram com o presidente, antes de ele sair de fárias, e avisaram que não arredam pé e que chegou um momento em que os barcos foram queimados e voltar atrás é impossível. A última cartada foi dada por Dilma Rousseff, que foi falar com Aldo no fim de semana para dizer que Lula e o governo estavam preocupadíssimos. Mas como não houve abertura da parte de Aldo, ela não chegou a pedir que ele recuasse ou desistisse.
Em encontros com aliados, Dilma nega que tenha oferecido o Ministério da Defesa para que Aldo desistisse.
Fonte: O Globo