Rebelião no interior da Bahia derruba delegado de polícia

O episódio começou com um protesto contra o delegado da cidade, Laurindo Neto, acusado de praticar abuso de poder. A revolta foi motivada pela prisão do motorista Carlos Rodrigues da Silveira, que vendia combustível clandestinamente, e dos vereadores José Ronaldo de Andrade e Maurício Souza Santos Os dois reclamaram contra a prisão de Silveira e também terminaram detidos. Foi denunciado que o delegado invadiu residências para fazer as prisões, sem ordem judicial e sem flagrantes.

Tiroteio aumentou o protesto

Por volta do meio-dia, os moradores se concentraram em frente à delegacia e passaram a arremessar paus e pedras na viatura iria conduzir o delegado. A polícia local pediu reforços à Polícia Militar de Itabuna. Seguiu-se um tiroteio, que teve a participação de policias. O motorista Dilson Xavier Santana, 38 anos, funcionário público municipal, foi atingido com um tiro na cabeça e morreu na hora.

Revoltada, a população ateou fogo à delegacia e em uma das viaturas que patrulha o município. As três pessoas detidas foram retiradas por policias do imóvel, que ficou completamente destruído.

A reação do governo Wagner

Após o incidente, o recém-empossado secretário estadual de Segurança Pública da Bahia, Paulo Bezerra, afastou o delegado da cidade e afirmou que outro titular está sendo providenciado. Bezerra determinou ainda ao corregedor geral da secretaria, Nelson Gaspar, que viaje até Arataca para apurar os fatos e assegurar que a cidade volte à normalidade.

O diretor do Depin (Departamento de Polícia do Interior), João Malhado, também foi destacado para acompanhar as investigações. Ele e Bezerra deverão apresentar um relatório sobre o caso e providenciar a instalação da delegacia em uma casa alugada, até que um novo complexo policial seja construído.

Policiais envolvidos na ação, os vereadores José Ronaldo de Andrade e Maurício Souza Santos — ambos do PP —, o vendedor de combustível Carlos Rodrigues da Silveira e o ex-delegado Laurindo Neto foram levados para Itabuna, onde prestaram depoimento. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) instaurou inquéritos para apurar as denúncias contra o ex-delegado e para descobrir de onde partiu o tiro que matou o morador de Arataca.

O ex-delegado afirmou que a população estava contrariada porque ele comandava ações que desagradavam interesses de muitas pessoas, como o fechamento de rinhas de galo e de um posto de gasolina. Declarou ainda que o protesto desta sexta foi insuflado pelos vereadores. O corpo do funcionário público Dilton Xavier de Santana também seguiu para Itabuna. A família dele espera a liberação para providenciar o enterro.

Da redação, com agências