Debate na Câmara: Aldo e Fruet atacam e colocam Arlindo na defesa

O presidente da Câmara e candidato à reeleição, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), abandonou o comedimento, marca de sua postura, e fez um discurso forte e direto na fala de encerramento no debate que a TV Câmara realizou, nesta segunda-feira (29), com os três ca

“Não creio que, em nome da democracia e do equilíbrio dos poderes de um país se dê ainda mais força e poder a um único partido. Não julgo prudente, não julgo equilibrado, não julgo bom, nem para a democracia, nem para o país, nem para o próprio Partidos dos Trabalhadores, a concentração de tanto poder em suas mãos. A Câmara é a Câmara de todos –  a Câmara do governo, a Câmara da oposição, mas é, acima de tudo, a Câmara dos Deputados do povo brasileiro”, afirmou Aldo, em suas considerações finais.


 


O segundo a falar no último bloco, deputado Gustavo Fruet, manteve a linha do discurso que apresentou ao longo do debate. Apresentou-se como candidato da oposição, que não será submisso ao governo, e insistiu na crítica que fez ao candidato petista de estar sendo apoiado pelos partidos que protagonizaram os escândalos do “mensalão” e “sanguessugas”.


 


As estocadas contínuas de Fruet e as perguntas dos jornalistas, destacando sempre os casos de corrupção que marcaram o final da legislatura passada, colocaram o candidato petista na defensiva. Em suas considerações finais, Chinaglia gastou todo o tempo de dois minutos em respostas aos dois outros concorrentes.


 


Para responder a Aldo, Chinaglia lembrou que retirou candidatura para apoiá-lo na eleição passada, após a renúncia do ex-presidente Severino Cavalcanti. Segundo ele, “apesar do PT ter maioria na Câmara, numa demonstração de que  o PT sabe abrir mão do poder”. Em resposta a Fruet, destou que “quando o governador Aécio Neves (do PSDB) foi presidente da Câmara foi submisso só porque era apoiador do então presidente Fernando Henrique Cardoso; e nem Luis Eduardo Magalhães (do PFL, partido da base de apoio do governo FHC).


 


Mesmos assuntos


 


No debate de hoje, os candidatos responderam, por cerca de duas horas e meia, a perguntas de jornalistas, populares e debateram entre si. Os assuntos debatidos foram os mesmos que têm pautado as discussões da campanha.


 


Reforma política, reajuste dos subsídios dos parlamentares e moralização das atividades foram as primeiras perguntas no debate. Com pequenas variações, os candidatos assumiram posições semelhantes para tratar dos assuntos.


 


Os três consideram os assuntos importantes e que devem fazer parte da agenda de trabalho da próxima legislatura. Nem mesmo as perguntas mais diretas receberam respostas diretas. Jornalistas e Fruet queriam tirar do candidato Arlindo Chinaglia a declaração de que apoiaria pedido de anistia para o ex-deputado José Dirceu. Ele disse que ao Presidente da Câmara cabe, em uma atitude democrática, receber e colocar em votação projeto de lei de iniciativa popular que venha nesse sentido.


 


Do presidente Aldo Rebelo, queriam a declaração de que reabriria os processos de cassação dos deputados que renunciaram ao mandato na legislatura passada para fugir à punição e conseguiram se reeleger, como é o caso dos deputados Paulo Rocha (PT-PA) e Valdemar da Costa Neto (PL-SP). Aldo disse que a decisão deve ser de iniciativa de algum partido ou individual e que caberá, no primeiro caso, ser enviada ao Consleho de Ética e, no segundo, ao corregedor, que dá parecer e submete à mesa.


 


Também Fruet conseguiu se livrar de uma resposta direta à pergunta de Chinaglia sobre o fim das verbas indenizatórias. O candidato tucano aproveitou para reforçar o discurso que fez ao longo de todo o debate sobre a transparência e moralização dos gastos da Casa, mas não deu a resposta que Chinaglia pedia – sim ou não.


 


Repercussão


 


Para o senador eleito e deputado, Renato Casagrande (PSB-ES), “o debate não altera o resultado, mas ajuda a construir o perfil da cada candidato e nesse perfil, o deputado toma a sua decisão”.


 


Segundo ele ainda, “o debate serviu para mostrar quem agrega mais e poderá contribuir mais com o trabalho na Câmara dos Deputados, acrescentando que “o candidato que eu defendo, Aldo Rebelo, demonstrou ter capacidade de agregar e isso ajuda a demonstrar para cada parlamentar que ele fará uma gestão democrática.


 


O parlamentar destacou ainda que, com o evento, a Câmara dos Deputados desempenhou o seu papel de se comunicar com a sociedade. “O debate ajuda a construir uma nova imagem da Câmara”, afirmou.


 


De Brasília
Márcia Xavier