Aliados de Aldo e Chinaglia prevêem realização de segundo turno

Na noite de ontem, aliados dos candidatos à presidência da Câmara faziam as últimas contas para tentar prever o resultado da eleição de hoje. Aliados do candidato Arlindo Chinaglia (PT-SP), calculam que o petista terá entre 230 e 240 votos. Quantidade

Segundo a conta feita pelo deputado Ricardo Barros (PP-PR), a fatura pode ser liquidada a favor do petista ainda no primeiro turno se Chinaglia conseguir conquistar cerca de um terço dos votos dos cerca de 120 deputados que, segundo ele, ainda estão indecisos. “O clima está para nosso lado. E deputado é igual eleitor comum”, disse. Na visão dele, tentar vincular o resultado dessas eleições ao governo é um erro. “Está claro que o vencedor ficará devendo a vitória aos colegas e não ao Palácio do Planalto”.


 


As contas do vice-líder do governo Beto Albuquerque se mostram bem diferentes. Ele estima uma divisão no primeiro turno de cerca de 200 votos para cada lado – Rebelo e Arlindo –, com o restante dos 113 deputados entre o apoio a Gustavo Fruet (PSDB-PR), candidato lançado pela chamada “Terceira Via”, e as abstenções. Acha que parcelas significativas do PMDB, do PP e do PTB devem escolher Rebelo na hora da votação por causa de questões externas como a voracidade petista em relação ao Ministério das Cidades, atualmente sob o comando do PP com Márcio Fortes.


 


Ms o fato que aliados de ambos os candidatos consideram como certo é que, se houver segundo turno, a sorte de Chinaglia dependerá da vantagem que ele tiver registrado sobre Aldo no primeiro turno. Uma vantagem apertada será meio caminho andado para que Aldo vire o jogo e vença.


 


Fator PSDB


 


Nessa batalha por adesões, o posicionamento do PSDB, terceira maior bancada da Câmara depois do PMDB e do PT, volta mais uma vez para o palco central do choque de forças pela primeira cadeira da Casa. “A base social já deu o recado para os tucanos não colocarem a estrela no bico”, adicionou Albuquerque, do PSB.


 


Para o peemedebista Vieira Lima, no entanto, a eleição da presidência da Câmara não pode ser entendida como um enfrentamento político-ideológico, mas como uma escolha prática relacionada com o funcionamento e a estabilidade da Casa. “Isso é importante para o PSDB, um partido com potencial de ser governo no futuro. O que se faz hoje terá conseqüências amanhã”.


 


O novo líder da bancada tucana, Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP), desconversa e busca expressar confiança na possibilidade de Fruet vencer um dos dois adversários e chegar ao segundo turno. Na opinião dele, o PT e o presidente Aldo concordaram em ceder a primeira vice-presidência ao PSDB. Se houver um segundo turno entre Rebelo e Chinaglia, Pannunzio acredita que “o partido não fechará questão” e deixará a escolha a critério dos próprios parlamentares. “Se a candidatura de Fruet uniu o partido, não há razão para nos dividirmos novamente”.


 



Presidência


 


A presidência da Câmara é sempre o cargo mais cobiçado da Casa, principalmente pela base do governo. Como diz um antigo funcionário da Câmara, “nada se faz e se anda sem o presidente”. Apesar de ouvir os líderes partidários, o presidente da Câmara tem, por exemplo, a prerrogativa de definir a pauta de votações, comandar e gerenciar as sessões de plenário e, o principal para um governo: decide se aceita ou arquiva representações que pedem o “impeachment” do presidente da República.


 


Além disso, o presidente da Câmara é o segundo na linha sucessória do presidente da República. Na ausência do presidente e do vice, é ele quem assume o governo.


 


Urna eletrônica


 



Será a primeira vez na história da Câmara que uma votação secreta será realizada por meio de urna eletrônica. O objetivo principal é evitar a longa duração neste tipo de sessão. Em 2005, por exemplo, a votação que elegeu Severino Cavalcanti foi feita através de cédulas e durou cerca de 17 horas, incluindo primeiro e segundo turnos.


 


A previsão agora é que o primeiro turno, marcado para começar às 15h, não ultrapasse quatro horas de duração. Se houver a necessidade de uma segunda votação, a expectativa é que aconteça em, no máximo, duas horas.


 


Serão nove cabines de votação. No primeiro turno, os deputados votarão em cada um dos 11 cargos disputados: presidência, primeira vice-presidência, segunda vice-presidência, primeira, segunda, terceira e quarta-secretarias, e quatro suplências para cada secretaria.


 


Não há um número indicado aos candidatos. Na tela, aparecerá a foto dos postulantes a cada cargo, o parlamentar clicará na imagem de seu escolhido e confirmará o voto. A expectativa é que cada deputado leve, no máximo, três minutos para votar nos 11 cargos.


 


A primeira apuração será a da briga pela presidência da Casa.Se houver a necessidade de segundo turno, essa votação ocorrerá antes da apuração do primeiro turno dos outros 10 cargos. Somente depois da conclusão do resultado da eleição presidencial, é que a apuração das outras funções será feita. Assim como para o cargo de presidente, poderá haver segundo turno para esses postos.


 


Da redação,
com informações da Carta Maior e O Globo