Posse dos parlamentares se divide entre festa e campanha

A posse dos novos deputados e senadores, nesta quinta-feira (1o), trouxe à Brasília, uma multidão de pessoas – entre familiares, amigos e assessores – de todas as partes do Brasil. O presidente Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que presidiu a sessão de posse, de

O clima de festa – em que não faltaram vestimentas de gala, pose para fotos, apertos de mão e tapas nas costas – não impediu as avaliações políticas para o trabalho legislativo que começa hoje.


 


A disputa nas eleições da mesa diretora também fez parte das falas dos deputados e obrigaram os parlamentares a substituir as comemorações pela campanha. O líder do PCdoB, Renildo Calheiros (PE), um dos principais articuladores da campanha à reeleição do presidente Aldo Rebelo, saiu em disparada, ao final da solenidade, para retomar a campanha.


 


O próprio Aldo Rebelo, ao término da solenidade, percorreu o salão verde, completamente lotado, cumprimentando os parlamentares. E dividiu as atenções com as mulheres que, em menor número, chamam a atenção na casa dominada pelos homens – Manuela D´Ávila (PCdoB-RS), de 24 anos, a mais nova deputada, que cumpre o seu primeiro mandato; e Rita Camata (PMDB-ES), que volta à casa depois da derrota nas eleições presidenciais de 2002, quando integrou a chapa de José Serra. Também chamou atenção a atriz Patrícia Pilar, que acompanhava o marido, o deputado eleito pelo Ceará, Ciro Gomes (PSB).


 


Protagonismo especial


 


A deputada Jô Morais (PCdoB-MG), que cumpre o seu primeiro mandato, destacou que ''todo começo é um desafio'', acrescentando que ''o maior deles, para o PCdoB, é exatamente incorporar um protagonismo especial na disputa pela Presidência da Câmara''.


 


Ela explicou que, ao contrário do que diz a mídia, essa disputa entre o comunista Aldo Rebelo e o petista Arlindo Chinaglia – ambos da base do governo – não significa confronto para ocupação de cargos. ''Representa um confronto de idéias no interior do governo, em que o núcleo central da coalizão seja os partidos de esquerda, evitando o hegemonismo de um força que pode comprometer a própria idéia de coalizão''.


 


Segundo a parlamentar, que mandou bordar numa blusa de cetim vermelho, o símbolo do partido e ostentava na lapela o botton da campanha de Aldo Rebelo, ''a polarização representa uma tentativa de aliança mais ao centro feita pelo PT, que eles consideram necessária para recuperar sua imagem'', enquanto a luta do PCdoB e outros partidos da coalizão é manter o projeto político do governo mais à esquerda.


 


Participação feminina


 


Jô Morais lamentou a redução da participação feminina nessa legislatura. Ao mesmo tempo, destacou o que considera uma característica positiva. ''A bancada feminina é de mulheres oriundas de experiência política mais elevada, ao contrário do que ocorria anteriormente, quando a participação da mulher na política se dava pela decorrência familiar – mulheres, irmãs ou filhas de políticos, o que é provável que dê mais visibilidade a esta luta da mulher''.


 


A  luta a que se refere a deputada é de ampliação da participação da mulher na política. Segundo ela, ''estamos estagnadas na luta em fazer crescer a participação política das mulheres, principalmente no parlamento, onde não houve crescimento significativo, permanecendo a média de 45 deputadas entre os 513 parlamentares''.


 


Jô Morais lembra que ''a participação da mulher se amplia quando se amplia o espaço democrático, mas o processo democrático se encontra muito mitigado, com instituições políticas em crise, o parlamento pouco respeitado, e, nesse quadro, as mulheres tem imensas dificuldades, inclusive no poder econômico e nas atividades do cotidiano''.


 


De Brasília
Márcia Xavier