Bush e Blair são piores que Saddam, diz político malaio
George W. Bush e Tony Blair são criminosos maiores do que o ex-presidente do Iraque Saddam Hussein ou líderes da suposta rede al-Qaida, afirmou o ex-primeiro-ministro malaio Mahathir Mohammad na abertura de uma conferência de três dias nesta segunda-feira
Publicado 05/02/2007 16:09
Voltando a acusar os líderes dos Estados Unidos e do Reino Unido, o ex-primeiro-ministro da Malásia afirmou que a guerra no Iraque tem causado um terror maior do que o provocado pelos supostos militantes suicidas da al-Qaida em todo o mundo. “A história deveria lembrar de Blair e Bush como os matadores de crianças ou como os mentirosos primeiro-ministro e presidente”, afirmou Mahathir.
Como chefe de governo, Mahathir era um mordaz crítico das políticas agressivas de Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, e se tornou ainda mais contundente após deixar o poder em outubro de 2003. “O que Blair e Bush têm feito é pior do que Saddam fez” avaliou Mahathir, de 81 anos.
Na quarta-feira, os delegados da conferência devem lançar formalmente um tribunal de guerra que julgará governantes mundiais, incluindo Blair e Bush, que tenham queixas apresentadas por cidadãos comuns. O tribunal não terá a autoridade legal de uma organização internacional e não terá força para impor penas, mas Mahathir disse que o objetivo é escrever a história.
“Não devemos enforcar Blair se o tribunal considerá-lo culpado, mas ele deve sempre carregar o título de criminoso de guerra, assassino de crianças, mentiroso”, disse Mahathir, que dedicou a maior parte de seu discurso ao primeiro-ministro britânico.
“O mesmo deve ser feito com Bush e o representante de Bush na Bushlândia da Austrália”, afirmou, referindo-se ao primeiro-ministro australiano, John Howard, um submisso aliado do presidente americano na “guerra ao terrorismo” deflagrada por Bush contra o povo do Iraque.
Entre os palestrantes estão a ex-deputada dos EUA Cynthia McKinney, democrata que denuncia a guerra liderada pelos EUA no Iraque como ilegal, e o ex-subsecretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) Hans von Sponeck, que participou de uma tentativa similar de estabelecer um tribunal de crimes de guerra durante conferência na Turquia em 2005.
Dezessete pessoas — nove do Iraque, cinco de territórios palestinos e três libaneses — chegaram hoje para participar da conferência de paz e relatar suas considerações para a chamada Comissão de Crimes de Guerra, em Kuala Lumpur.
Mesmo assim, Mahathir foi um dos governantes asiátios iludidos pela política americana, tendo estado ao lado de Bush na implantação da sua “guerra contra o terrorismo”, depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, prendendo mais de 100 supostos simpatizantes islâmicos da al-Qaida na Malásia.
No entanto, ele defende que a raiz do terrorismo islâmico são as injustiças promovidas pelo Ocidente, especialmente nos territórios palestinos e no Iraque. “O terror causado (pelas grandes potências) é na verdade maior e os países poderosos são muito mais terroristas do que os atacantes suicidas”, afirmou.