Boca-de-urna: Portugal aprova legalização do aborto

Os eleitores portugueses aprovaram neste domingo a legalização do aborto com uma maioria de entre 57 e 62% dos votos, segundo várias pesquisas de boca-de-urna.
A participação, que deve ficar por volta de 40%, não atingiu os 50% exigidos para validar

Os locais de votação fecharam as portas às 19h locais (17h de Brasília) para o referendo em que os eleitores deveriam pronunciar-se a favor ou contra a descriminalização do aborto. Três horas antes do fim da votação, apenas 31,31% dos eleitores haviam participado no referendo, de acordo com a Comissão Nacional de Eleições (CNE).


 


Segundo o porta-voz da CNE, Nuno Godinho, a taxa de participação deveria ficar por volta de 40% ao fim da votação, abaixo portando dos 50% necessários para validar o resultado e alterar automaticamente a lei. De acordo com a Associação de Planejamento Familiar, 18 mil abortos foram praticados ilegalmente em 2005 em Portugal e levaram 10 mil mulheres aos serviços de emergência dos hospitais por diversas complicações.


 


O primeiro-ministro fez campanha pessoalmente a favor da descriminalização do aborto. Segundo ele, o triunfo do ''sim'' faria Portugal passar do conservadorismo à modernidade e o progresso.


 


Ameaça de cadeia


 


De acordo com a legislação atual, as mulheres podem ser presas por fazerem aborto e há alguns anos, uma enfermeira que realizava abortos foi para a cadeia.


 


A mensagem da campanha pelo “sim”, de que a legalização pode pôr fim aos abortos em péssimas condições, aparentemente funcionou para alguns eleitores.


 


“Votei sim e sempre votarei sim”, disse Laurinda Duarte, a caminho da igreja. “Sempre haverá abortos, portanto por que não votar de forma a permitir que as mulheres os realizem em condições decentes? Sou católica, mas isso não significa que não tenha liberdade para votar.”


 


Os liberais esperam que Portugal ponha fim a uma proibição que consideram antiquada.


 


Líderes católicos manifestaram preocupação com a possibilidade de que a legalização do aborto abra o caminho para o abandono de outros valores tradicionais em Portugal, o país mais pobre e um dos mais conservadores da Europa ocidental.


 


A campanha pelo “não” afirmou que o fim da proibição aumentaria o número de abortos e os custos públicos com saúde.


 


Fonte: AFP