Técnico indica risco de mais crateras; metroviários exigem, parem a obra

O laudo técnico encomendado pelo Consórcio Via Amarela apontou novas falhas nas obras da Linha 4 do Metrô de São Paulo, reveladas no Jornal Nacional desta terça-feira (13). Assinado pelo especialista em soldagem Nelson Augusto Damásio, o laudo diz que a o

Segundo o técnico, a qualidade das soldas na estrutura metálica que sustenta as paredes da futura estação é inadequada para o tipo de obra (conhecido como “bacalhaus”). Existe portanto o perigo de novos desmoronamentos.
Além disso, foram encontradas trincas com infiltrações “na face inferior da laje do teto” e problemas de impermeabilização na “laje do fundo” com surgimento de bolhas e de furos na manta. Os serviços das estações da Linha 4 estão com várias improvisações, segundo relatórios que listam 46 itens de irregularidades.



Os metroviários de São Paulo encabeçaram um ato público de protesto nesta segunda-feira, quando a cratera da estação Pinheiros completou um mês. Os manifestantes opinaram que as denúncias são graves e colocam em perigo a vida de milhares de trabalhadores que atuam na obra. Eles questionaram também o tipo de contrato celebrado entre o governo estadual e o Consórcio Via Amarela, chamado “turn key”. As críticas se devem à autonomia excessiva que ele confere às empresas, onerando as finanças públicas do Estado.



No entanto, o presidente do Metrô, Luiz Carlos David, voltou a reiterar nesta quarta-feira (14) que não pretende interromper a obra apesar do novo laudo. ''A percepção da falha não conduz ao raciocínio de paralisação da obra'', declarou.



A seguir, a posição dos trabalhadores metroviários, em entrevista com Wagner Fajardo:



P: O que estas novas informações sobre as obras da Linha 4 do Metrô traz de novo?


R: O que traz de novo é que vai se confirmando a suspeita que levantamos desde o começo. E a necessidade de paralisar as obras para identificar as novas irregularidades. A companhia do metrô e o Estado continuam atribuindo toda a responsabilidade ao consórcio e não assumem a sua parte de tomar as rédeas desta obra. O metrô abriu mão anteriormente, da responsabilidade da fiscalização e agora deveria retomar seu papel.



P: Os trabalhadores e a população correm riscos?



R: Na nossa opinião correm sérios riscos, e mais, existe uma grande insensibilidade dos empreiteiros em não paralisar os serviços, a ponto do encarregado da obra admitir que não podia falar para os outros trabalhadores do risco que é trabalhar neste local. Além disso, há risco também para a população que circula nas imediações das obras, pois no acidente de Pinheiros morreram trabalhadores e transeuntes.



P: Existe a possibilidade de outras estações da linha 4 também estarem em situação de risco?



R: Acreditamos que sim. Nada isenta esta possibilidade, pelo contrário, a cada dia os fatos demonstram que pode haver novas irregularidades. As evidências demonstram que a obra apresenta graves problemas de segurança.



P: Qual será a posição do Sindicato dos Metroviários e da Fenametro?



R: A posição do Sindicato e da Fenametro é reforçar nossa a atitude inicial, através de ofício ao Ministério Público do Trabalho, ao Ministério Público Estadual e à Delegacia Regional do Trabalho – DRT. Reafirmamos o nosso pedido de interdição total da obra, até que se apure toda a irregularidade existente.



P: O que estes órgãos estão fazendo para atender à reivindicação?



R: Nós sentimos uma sensibilidade do Ministério Público Estadual. No entanto, do ponto de vista prático, não conseguimos obter maiores êxitos quanto à paralisação, até porque o MPE não tem esta prerrogativa que necessita de uma decisão judicial. Isso também se aplica ao Ministério Público do Trabalho. Acreditamos que estes dois órgãos deveriam agilizar e implementar um instrumento para comprometer a direção do Metrô e o Consórcio quanto às medidas preventivas. Já a DRT, nós acreditamos que reúne condições  legais que permitem uma ação mais incisiva, porque ela tem a prerrogativa de embargar obras e impedir que trabalhadores corram risco de morte. 



De São Paulo,
Rodrigo de Carvalho