Palestinos acertam novo governo de unidade Hamas-Al Fatá
O governo palestino liderado pelo Hamas e formado após as eleições de janeiro apresentou sua renúncia nesta quinta-feira (15) . O presidente. Mahmoud Abbas pediu que o mesmo primeiro ministro, Ismail Haniya, forme um novo gabinete, desta vez de unidade. O
Publicado 15/02/2007 18:19
“Começamos hoje o procedimento para formar um governo de união nacional”, disse Abbas. “O irmão Ismail Haniya apresentou-me a renúncia e eu o encarreguei de formar o novo gabinete”, agregou. O governo da ANP (Autoridade Nacional Palestina) segue o sistema parlamentarista, que não estabelece um prazo fixo de mandato.
Cinco semanas para concretizar a unidade
O presidente disse esperar que o novo governo, depois do atual período de crise política e econômica, “inaugure uma nova era palestina, onde o povo viva em paz e segurança”. Haniya tem cinco semanas para conformar o novo gabinete de ministros e obter a aprovação do Parlamento, onde o Hamas tem maioria.
Reivindicações de última hora feitas pelo Hamas despertaram dúvidas sobre se o grupo levaria adiante a renúncia do gabinete atual, onde ele é a única força. O jornalista Nour Odeh, correspondente em Gaza da rede de TV Al Jazira, noticiou que ainda restam desacordos entre o Hamas e a Al Fatá sobre o cargo de ministro do Interior e o destino da força de segurança própria do Hamas, que possui 5 mil homens. “Há uma série de pontos que o entendimento de Meca não abrange”, observou Odeh, sobre o acordo obtivo na semana passada na capital da Arábia Saudita.
O acordo de Meca foi alcançado após meses de impasse político na Palestina. A crise chegou a dar lugar a conflitos abertos entre a Al Fatá e o Hamas, com dezenas de mortos.
EUA reagem dizendo que nada muda no bloqueio
Apesar da unidade palestina, os Estados Unidos disseram que continuarão a boicotar o novo governo, inclusive os ministros que não sejam do Hamas, a não ser que sejam atendidas suas exigências em relação ao reconhecimento de Israel, conforme avaliaram funcionários da ANP e diplomatas. Por sua vez, o porta-voz da Casa Branca Tony Snow afirmou que “nossas condições permanecem sempre as mesmas”.
“Estas são as condições básicas, e com certeza esperamos que Israel conclua que o parceiro com quem trabalhamos é o presidente Abbas e continuemos a fazer o que podemos”, comentou Snow.
O posicionamento foi um revés para os líderes palestinos. Estes esperavam que um governo de unidade levasse ao fim do paralisante bloqueio ocidental à Palestina.
A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, deve fazer mais uma viagem ao Oriente Médio na segunda-feira que vem, para manter conversações com Abbas e o primeiro ministro israelense, Ehud Olmert.