“Delegado da morte” dos EUA esteve no Brasil

Alberto Gonzáles, secretário de Justiça dos EUA, se reuniu com seis governadores em Brasília e foi alvo de protestos durante sua estada na Argentina por ter assinado documento autorizando as torturas nas prisões secretas dos EUA.

Alberto Gonzáles, procurador-geral e secretário de Justiça dos Estados Unidos, participou de uma reunião com seis governadores brasileiros na última semana. A imprensa nacional silenciou sobre o currículo dele que é um dos principais assessores do presidente estadunidense  George W. Bush.


 


Em 8 de fevereiro, quinta-feira, Gonzáles e o subsecretário estadunidense para Assuntos Políticos, Nicholas Burns, se reuniram com seis governadores brasileiros, entre eles Yeda Crusius, do Rio Grande do Sul. Um dos principais pontos do encontro em Brasília foi a colaboração para o combate ao crime entre os estados brasileiros e os Estados Unidos.


 


A governadora gaúcha avaliou positivamente o encontro, em que o tema da colaboração entre os dois países na produção de biocombustíveis também foi discutido. Na área da segurança, Yeda aponta a questão dos presídios como prioritária no seu governo. “A questão carcerária, para mim, é a que mais importa no desenho que vamos fazer da política em relação aos presídios. Nós vamos ver como eles podem nos ajudar, já que estão nos oferecendo”, disse.


 


Antes de visitar o Brasil, Alberto Gonzáles esteve na Argentina. No país vizinho, sua passagem foi menos tranqüila. Tudo por causa do passado do secretário estadunidense, considerado um dos ideólogos das torturas praticadas pelos Estados Unidos contra prisioneiros acusados de praticar terrorismo.


 


Em novembro do ano passado, a CIA, agência de inteligência dos Estados Unidos, admitiu a existência de documentos internos que autorizavam a prática de torturas em prisões secretas. Um dos documentos, de 2002, é assinado por Alberto Gonzáles. No memorando, ele considerava a Convenção de Genebra obsoleta em relação a militantes da Al Qaeda e aos talibãs do Afeganistão. Nas prisões estadunidenses de Guantánamo e Abu Ghraib, foram liberadas as práticas de torturas contra prisioneiros, que posteriormente foram denunciadas e causaram comoção mundial.


 


De acordo com o jornal argentino Página 12, Gonzáles foi alvo de protestos durante sua passagem pela Argentina. As Mães da Praça de Maio divulgaram carta chamando Gonzáles de “delegado da morte”. Alberto Gonzáles trabalha com George W. Bush pelo menos desde 1994, quando o atual presidente estadunidense era governador do Texas. Nomeado secretário de Estado em 1999, ele se notabilizou por negar praticamente todos os pedidos de clemência para os condenados à pena de morte.


 


Na reunião no Brasil, Gonzáles esteve com os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; de Pernambuco, Eduardo Campos; do Ceará, Cid Gomes; do Distrito Federal, José Roberto Arruda; e da Bahia, Jacques Wagner; além de Yeda Crusius.