Mudanças climáticas: Regime Bush censura os cientistas

O governo americano utiliza mecanismos detestáveis para enganar a cidadania sobre um tema que tem a ver com toda a humanidade, como o caso das mudanças climáticas que ocasionam o aumento do aquecimento global. Centenas de cientistas entrevistados admitira

Exigiram-lhes eliminar de suas declarações e textos expressões que dessem uma idéia de que há fatos gerados pelo homem que deterioram seu hábitat e sobretudo, eliminar o uso de termos que implicam afetações de maior alcance. Alguns afirmam que seus textos foram alterados ou que se minimizou o alerta resultante das pesquisas.


 


Tudo isso levou o Comitê de Supervisão e Reforma Governamental do Congresso a realizar audiências, onde vários desses especialistas foram interrogados. Um deles, o doutor Drew Shindell, disse:


 


“No outono de 2004, uma equipe que eu dirigi na Nasa publicou um documento que oferecia uma explicação de como o esgotamento do ozônio sobre a Antártica e o incremento das emissões dos gases causadores do efeito estufa podiam provocar o arrefecimento — e depois o aquecimento — da Antártica, que já se está constatando. Este estudo foi o primeiro que considerou que estes dois fatores atuam juntos e modificam a temperatura da Antártica, e não só explica o arrefecimento constatado, mas também prognosticou um futuro mais caloroso para essa região, baseado em projeções de constante emissão de gases de efeito estufa. Isto tem implicações tanto para o debate sobre o aquecimento global quanto para a elevação potencial do nível do mar, pois a Antártica contém uma reserva volumosa de enormes icebergs polares”.


 


Depois de várias observações, Shindell enviou os resultados ao departamento de imprensa da própria Nasa para publicar o correspondente relatório. As comunicações anteriores de sua equipe foram publicadas de imediato, mas esta demorou e foi divulgada com modificações em seu texto. “Quando nós, no Instituto Goddard de Estudos Espaciais (GISS) consultamos os superiores da Nasa para saber o que acontecia, disseram-nos que demorava porque dois representantes políticos e a Casa Branca deviam rever agora todos os comunicados de imprensa relacionados com o clima”.


 


Da mesma forma, estabeleceram que um funcionário devia estar presente em todas as entrevistas, pessoais ou telefônicas, que os meteorobiologistas realizassem, “medida que a maioria de nós consideramos que não corresponde a uma sociedade democrática”, disse o pesquisador, que acha que “os cientistas oferecem informação aos que formulam a política e ao público sobre temas que afetam a sociedade. As mudanças climáticas, evidentemente, é um destes temas…” daí que não devem existir segredos.


 


O fato está ligado à circulação em Paris das conclusões do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas, grupo constituído pela ONU e onde participaram 2.500 cientistas de 131 países, que asseguram que o aumento do dióxido de carbono, provocado pelo consumo desmedido dos combustíveis fósseis, está provocando o aquecimento do planeta, situação que leva ao degelo nos pólos e à elevação do nível dos oceanos e conseqüentemente, à inundação de extensos territórios costeiros e a outras catástrofes.


 


O empenho da administração Bush em alterar o resultado de sérias pesquisas obedece a interesses que têm a ver com as finanças familiares, a de colaboradores achegados e de patrocinadores.


 


Entre os muitos critérios a respeito do assunto, está o de Zbigniew Jaworowski, do Laboratório Central para a Proteção Radiativa de Varsóvia e assessor do próprio governo dos EUA, que destaca: “Washington utiliza o assunto das mudanças climáticas como arma psicológica em ambos os casos, tanto com o aquecimento quanto com o arrefecimento, pois os mesmos são uma justificativa conveniente para que os militares exigam mais dinheiro para defender sua terra de qualquer mazela”.


 


Quando Bush subiu ao poder, renunciou ao Protocolo de Quioto, que muitos consideram insuficiente e Clinton assinou no último instante. Posteriormente, além dos constrangimentos, utilizou também pessoas submissas que negam as evidências sobre as mudanças climáticas. O objetivo é manter o sistema de produção e consumo existentes para que os grandes industriais não tenham que gastar em meios que atenuem o dano à atmosfera.


 


Entretanto, diversos projetos para controlar o clima avançam, mas não com o propósito de evitar catástrofes, como as provocadas pelos grandes furacões que, como o Katrina, prejudicam zonas de seu próprio território, mas sim destinados a atingirem outros países.


 


Até agora, a engenharia ou manipulação intencional do clima, tem, acima de tudo, fins bélicos. Durante as guerras do Vietnã e Camboja, a CIA pôs em prática experiências destinadas a provocar chuvas intensas e prolongadas para destruir caminhos ou colheitas. As pessoas conhecem estas e outras experiências e por tal motivo foi criada a Convenção das Nações Unidas que proíbe “utilizar técnicas de modificação ambiental com fins militares ou outros fins hostis”. Os EUA, que às vezes assinam e outras não, mas que sempre fazem o que lhes convém, continuam seus projetos nesta área e continuam se esforçando para modificar os apelos de alerta, e os planos para atenuar os problemas provocados pelas mudanças climáticas.


 


Bush recebe ajuda de outros interessados no tema. A Exxon Mobil oferece US$ 10 mil, paga despesas em viagem e outros benefícios àquelas pessoas que se ofereçam para semear dúvidas sobre o relatório tornado público na capital francesa.


 


Segundo dados do jornal britânico The Guardian, a multinacional petroleira fundou o American Enterprise Institute, onde radicam — ou à qual se subordinam — vários manipuladores das informações dispostos a destacarem — se preciso, inventarem — deficiências e erros do Painel Internacional para as Mudanças Climáticas.


 


Fazendo um resumo elementar de um assunto tão complicado, podemos dizer que o país que afirma que é o mais aberto, livre e democrático, amordaça seus cientistas ou lhes destina censores. Altera realidades e evidências, não porque tenha critérios válidos ou outras teses, mas apenas por interesses escusos. Esta pode-se considerar mais outra prova.