Entidades criticam lançamento “elitista” da Campanha da Fraternidade

Nove pastorais sociais e organismos eclesiais divulgaram um manifesto, na última sexta-feira (16), criticando a programação do lançamento da Campanha da Fraternidade 2007, hoje (21) na capital paraense.

Eles argumentam que “entre o discurso do texto-base da campanha”, que destaca a reflexão e o conhecimento das comunidades tradicionais e da Amazônia, e a forma como está sendo feito o lançamento da campanha “há uma contradição muito grande”.


 


“A organização do lançamento foi entregue a uma empresa de eventos. O lançamento será numa ilha. A participação será restrita aos que tiverem convites. O embarque para a ilha será nas Docas, local reservado para as elites do Pará”, afirmam os manifestantes em nota.


 


Segundo as entidades, “o mais grave” é que o lançamento seja patrocinado pela Companhia Vale do Rio Doce, “que é uma das principais responsáveis pela destruição ambiental e por conflitos com as populações tradicionais da Amazônia”.


 


“A imprensa nacional noticiou nos últimos meses as ações dos índios Xicrin contra a Vale, e como esta cortou todos os repasses de recursos contratados com os indígenas, só voltando a efetuar os mesmos por decisão judicial”, afirmam no manifesto.


 


O tema deste ano é Fraternidade e Amazônia. Pela primeira vez em 43 edições o lançamento da Campanha da Fraternidade não é realizado em Brasília. A CNBB escolheu a cidade de Belém (PA), porque o Pará, segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o estado que tem o maior índice de desmatamento.


 


Segundo o presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, Carlos Francisco Signorelli, o lançamento está sendo feito em moldes ostensivos. “O local vai ser fechado para a população. Nós achamos que ele deveria ser feito de uma forma mais eclesial e amazônico”, reclamou.


 


As entidades não participam do lançamento da campanha de 2007. “Diante disto, decidimos não participar do ato de lançamento, como protesto pela forma como foi organizado, sobretudo pela ausência do povo, o principal sujeito da Campanha da Fraternidade”.


 


Apesar das críticas, as entidades não são contra a Campanha da Fraternidade, criticam apenas o lançamento. Segundo o manifesto, a campanha é um gesto profético da Igreja no Brasil que ajuda os cristãos e toda a sociedade a refletirem sobre temas da maior relevância social.


 


Para Signorelli, a Campanha da Fraternidade é fundamental e as entidades contribuem muito para a difusão dela por todo país. “Nós achamos que houve falta de sintonia entre a campanha e a forma de lançamento, pois ela prega que os povos da Amazônia têm muito a dizer pela sua simplicidade”.


 


Assinam o manifesta a Articulação Nacional da Pastoral da Mulher Marginalizada, a Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), o Grito dos Excluídos e Grito dos Excluídos/as Continental, Pastoral da Juventude Rural (PJR), a Pastoral do Menor e o Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM).


 


Fonte: Agência Brasil