Resultados pífios no Enem e Saeb mostram a educação do PSDB
Não seria surpresa para ninguém que os resultados de exames como o Enem (Exame Nacional de Cursos) e o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) mostrassem uma enorme lacuna existente entre o baixo desempenho do ensino público em relação à boas notas
Publicado 21/02/2007 20:34
Os estudantes que realizaram o Saeb (que afere os conhecimentos nas áreas de português e matemática), em 2005, tiveram os piores índices desde a sua primeira aplicação, em 1995, entre os alunos da 8ª série do ensino fundamental e da 3ª série do Ensino Médio.
A nota média do Enem 2006, também caiu, se comparada com as obtidas nos anos anteriores. Na parte objetiva, os alunos que fizeram a prova do ano passado receberam nota média de 36,90 pontos, numa escala de zero a 100. Na parte de redação, a nota média foi de 52,08. Em 2005, eles alcançaram 67 pontos na parte objetiva. Já em 2004, foram 61 pontos. A média dos alunos egressos de escolas públicas (34,94 na prova objetiva e 51,23 na de redação) foi bastante inferior à dos que saíram de escolas particulares (50,57 na parte objetiva e 59,77 na redação).
Esses dados revelam sérias dificuldades enfrentadas para melhorar a qualidade da educação oferecida nas escolas, reforçando reivindicações antigas dos movimentos sociais: mais investimentos para o setor, aplicação de uma política ativa de valorização dos profissionais da educação, salários mais dignos, formação continuada e melhores condições de trabalho.
PSDB e o sucateamento da educação
Os números revelam também as conseqüências da adoção de políticas que privilegiaram o setor privado, o sucateamento das escolas públicas, a terceirização de serviços e medidas para mascarar índices como repetência e evasão escolar. Exemplo de São Paulo, estado que apresentou os piores índices para a 8ª série desde 1995, e foi o segundo pior desempenho em português e matemática.
Nestes 10 anos, São Paulo foi governada pelo PSDB, de Mário Covas a Geraldo Alckmin. O carro chefe do programa educacional destes governos foi a adoção da progressão continuada – que dividiu o Ensino Fundamental em dois ciclos e acabou com as repetências entre uma série e outra dentro de cada ciclo. Ou seja, se o aluno não atingiu média para ser promovido da 2ª. para a 3ª. série, ele acaba passando de ano da mesma maneira. Para isso, basta ter que fazer algumas aulas de reforço e acompanhamento. Mas na prática, elas inexistem.
A aprovação automática, como vem sendo chamado este programa pelos movimentos sociais, tem formado um exército de semi-analfabetos. As crianças e adolescentes chegam ao Ensino Médio sem dominar a leitura e a escrita.
Para o presidente da Apeoesp (Sindicato dos professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Carlos Ramiro, houve confusão entre progressão continuada e promoção automática. “Colocar mais alunos e não aumentar o número de salas é reduzir a qualidade. Faltam investimentos e uma política salarial para os professores, que são cada vez mais desvalorizados no país. Não há continuidade nos projetos pedagógicos e não se respeita a premissa de que a política educacional deve ser de Estado e não de Governo”, avalia.
No Enem, entre as 50 escolas que tiveram melhor desempenho no exame de 2006, apenas sete são públicas. Chama a atenção o fato de que todas essas são escolas técnicas, portanto, já são fruto de uma pré-seleção, pois têm o famoso “vestibulinho” para ingresso. Excluindo as técnicas, a melhor colocação de uma escola pública neste Enem foi o 310º lugar, para o Rui Bloem, localizado na zona sul da capital paulista.
O tucano José Serra
Em seus dois anos na prefeitura de São Paulo, José Serra já demonstrou que não tem compromisso com projetos estruturantes para a educação. Interrompeu a construção dos CEU´s, não concebeu nenhum programa para melhorar a qualidade da educação e se recusou a estabelecer o diálogo com o sindicato dos professores para ouvir as reivindicações do setor.
Recém empossado governador, anunciou que vai manter as aulas para 72.500 estudantes na hora do almoço, o chamado (turno da fome) e vetou o projeto de lei complementar nº25/2001 que previa aos professores não concursados, alguns com mais de 10 anos de trabalho na rede pública, tenham os mesmos direitos que os efetivos. Esses professores temporários, também chamados de estáveis, não têm vínculos empregatícios com o estado. São chamados a cada ano letivo para completar o quadro docente das escolas.
Dessa forma, Serra mostra não ter intenção de enfrentar o problema da valorização dos profissionais da educação, da desestruturação das escolas, da falta de equipamentos e, consequentemente, atacar a baixa qualidade da educação paulista.
“Sintomaticamente, os ex-Secretários da Educação de São Paulo Rose Neubauer e Gabriel Chalita não comentaram os resultados desmoralizantes obtidos pelo Estado mais rico do país. Afinal, a deterioração e a falta de investimentos na educação pública nas duas gestões foi gritante”, denuncia Ramiro.