Procurador diz que não é prendendo jovens que se resolve violência

A adoção de parcerias público-privadas para a construção de presídios modernos que realmente ofereçam condições de recuperação do preso; aprovação de leis como a da reforma processual penal; incentivos fiscais para empresas que recebem em seus quadros

Essas foram algumas das sugestões apresentadas pelo presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, Nicolau Dino de Castro, para recuperar crianças e adolescentes em situação de conflito com a lei. Para ele, é possível recuperar esses jovens, desde que haja investimento em políticas públicas de ressocialização. “Não é encarcerando criança e adolescente que vamos resolver o problema da violência”.


 


O procurador foi um dos participantes de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, para discutir se há necessidade ou não de reduzir a maioridade penal. A audiência pública faz parte do ciclo de debates “Violência e Direitos Humanos”, promovido pelas comissões de Direitos Humanos e de Educação do Senado, que pretende discutir o aumento da criminalidade e da violência urbana no país.


 


O representante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Jomar Alves Moreira, afirmou que a adoção mais freqüente de penas alternativas poderia evitar que jovens passassem pelas “universidades do crime”, como ele classificou os centros de reabilitação juvenil e os presídios do país.


 


De acordo com Moreira cerca de 60% dos presos no Brasil cometeram crimes de pequeno grau ofensivo, como roubo, furto ou tráfico de pequenas quantidades de droga, e poderiam estar cumprindo penas alternativas em vez de serem internos em instituições penais.


 


A representante da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República Carmem Oliveira afirmou que a tese da redução da maioridade penal não vai diminuir a violência. Segundo ela, apenas 14% dos delitos cometidos pelos jovens foram contra a pessoa. A maioria foi contra o patrimônio.”Existem alternativas para enfrentamento da violência juvenil, como a melhor gestão de recursos destinados aos centros de recuperação de adolescentes”.


 


Segundo Carmem Oliveira, o custo mensal para o Estado de um jovem em situação de conflito com a lei supera os R$ 4 mil, contra menos de R$ 1 mil para manter um estudante em sala de aula. “Qual pai de família, hoje, pode aplicar esse dinheiro na educação de um jovem no Brasil?” questionou.


 


Fonte: Agência Brasil