Fórum na África defende soberania alimentar

O Movimento dos Trabalhadores Sem-terra (MST) participa do Fórum Social pela Soberania Alimentar – Nyéléni 2007, que acontece na cidade de Sélingué, interior do Mali, África, esta semana. Um dos objetivos do Fórum é avaliar a produção de alimentos no m

O evento, que termina na próxima terça-feira (27) quer priorizar os interesses dos pequenos produtores agrícolas e dos consumidores, em detrimento dos interesses das grandes companhias transnacionais.


 


A luta pela soberania alimentar se opõe ao modelo agroexportador sob controle de instituições como a Organização Mundial do Comércio (OMC), que defende a produção de alimentos de maneira uniforme, em grande escala, altamente impactante do ponto de vista social e ambiental, as tecnologias transgênicas, a uniformização mundial dos hábitos alimentares, e uma crescente ofensiva pelo controle de terra, recursos naturais e pesqueiros, fontes de água, florestas, entre outros, por parte de mega-corporações transnacionais.


 


A programação do Fórum prevê a elaboração de uma agenda geral de ações que criará as bases das lutas e atividades a serem desenvolvidas nos próximos quatro anos. Cada delegado pode contribuir na construção da agenda política mundial e popular pela soberania alimentar.


 


Sem interferências


 


O conceito de soberania alimentar foi criado e divulgado pela primeira vez em meados da década de 90. O princípio advoga a autonomia dos povos para decidir soberanamente sobre as formas de produção de alimentos e agricultura que melhor convier à realidade nacional e local, sem interferência de interesses externos ou domésticos.


 


A bandeira da Soberania Alimentar fez parte dos protestos durante as cúpulas da OMC de Seattle (1999), Cancun (2003) e Hong Kong (2005). A partir dos anos 2000, o conceito começou a ser estudado e aceito em esferas mais amplas. E foi adotada também pelo Relator Especial do Direito à Alimentação da Comissão de Direitos Humanos da ONU, Jean Ziegler, e pela União Mundial para a Natureza (UICN), organização internacional que congrega instituições governamentais e não governamentais.


 


Em 2006, por fim, o conceito foi incluído no documento final da Conferencia Mundial da Reforma Agrária da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, sigla em inglês), ocorrida em Porto Alegre.


 


Convidados e participantes


 


Mais de 600 pessoas de 98 países participam do Fórum. Entre eles, sem-terra, agricultores, pescadores, associações de mulheres, trabalhadores do campo e da cidade, povos indígenas, organizações de defesa do meio ambiente e Organizações Não-Governamentais (ONGs).


 


Além do presidente de Mali, Amadou Toumani Touré, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, também está entre os convidados do evento. Do Brasil, viajaram o presidente do MST, João Pedro Stedile e Dom Tomas Balduino, da Comissão Pastoral da Terra.


 


Outros convidados de peso são as indianas Vandana Shiva, uma das mais respeitadas ambientalistas do mundo, e Arundhati Roy, escritora premiada e ativista política; o egípcio Samir Amin, economista e um dos mais importantes pensadores marxistas da atualidade; o economista Martin Khor, diretor da Third World Network; o ex-relator para o direito à alimentação da ONU, Jean Ziegler, além de José Bové, da Via Campesina e pré-candidato à Presidência da França e Paul Nicholson, também da Via Campesina.


 


A pequena cidade Sélinguè, onde acontece o Fórum, recebeu uma estrutura para alojar os delegados que, posteriormente, serão utilizadas por associações em Mali como centros de formação.


 


Com informações da Agência Carta Maior