Contra EUA, Lula oferece “pacote” ao Uruguai

Antes que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, desembarque em Montevidéu, em março, em visita à região que inclui o Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai ao Uruguai, na segunda-feira (26/02), para tentar reverter o esfriamento das

Lula vai oferecer ao presidente Tabaré Vázquez uma série de alternativas para reduzir as perdas do Uruguai no processo de integração. Propostas foram discutidas nesta semana entre ministros brasileiros (Relações Exteriores, Fazenda, Minas e Energia), Petrobras, Banco do Brasil e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).


 


As ofertas incluem investimentos da Petrobras, facilitação para a entrada de produtos uruguaios no Brasil, parcerias para a era da TV digital e questões tributárias e até alternativas que possibilitem que o BNDES financie empresas uruguaias, o que não é permitido pela legislação brasileira.


 


Para o diretor do Departamento da América do Sul do Itamaraty, embaixador Enio Cordeiro, Lula irá apresentar sugestões que serão aprofundadas posteriormente entre os dois governos. Segundo ele, há disposição política do governo brasileiro de discutir formas de flexibilizar as regras do BNDES em benefício da integração.


 


Menor país do Mercosul, com 3 milhões de habitantes, o Uruguai se queixa de que os custos de integração têm pesado mais do que os benefícios. Em números, isso significa que o parceiro amarga déficit comercial com o Brasil desde 2004. Em 2006, o Brasil exportou US$ 1 bilhão e comprou US$ 618 milhões do vizinho.


 


Termoelétrica
A Petrobras pretende investir na construção de uma termoelétrica, em linhas de distribuição de gás e em uma fábrica de regaseificação. A Camargo Corrêa deve investir entre US$ 60 milhões e US$ 130 milhões em uma usina de cimento, e o governo quer estimular investimentos do setor brasileiro de têxteis no Uruguai.


 


Além disso, o governo pretende construir linhas de conexão elétrica entre Candiota (RS) e Maldonado, no Uruguai, e facilitar o reconhecimento dos relatórios das várias agências, como Anvisa e Inmetro, a fim de agilizar a entrada de produtos, o que deve reduzir a espera de caminhões uruguaios na fronteira.


 


O governo também poderá reduzir a tributação sobre a remessa de recursos para o pagamento de serviços prestados por empresas uruguaias.


 


Autoridades do vizinho têm feito constantes ameaças de fortalecer laços comerciais com os Estados Unidos, o que poderia vir a prejudicar o Mercosul.


 


Na visita ao Uruguai, os presidentes Bush e Tabaré vão assinar um acordo de facilitação de comércio e identificação de oportunidades de investimentos, conhecido como “Rose Garden” – que o Brasil e a Argentina já possuem com os americanos e não interfere nos Mercosul, mas o governo brasileiro quer garantir que essa relação não se aprofunde.