“De gorditos e baladeiros”: Por trás dos craques da seleção

Adriano fica no banco da Inter de Milão porque exagerou nas noitadas. Robinho diz que sai no meio do ano do Real Madrid, cujo técnico Fabio Capello lhe faz a mesma acusação. Ronaldo, mesmo em lua-de-mel com o Milan, é motivo de piada por seu peso – com

Tenho uma reação dividida: ao mesmo tempo que acho que os jogadores brasileiros deveriam se cuidar melhor e não reforçar o lugar-comum de que não gostam de treinar (o As chega a dizer que Ronaldinho só faz 1 de cada 3 treinos do Barcelona, o que é difícil de acreditar), sinto que há uma cobrança excessivamente moralista, crescente também entre comentaristas brasileiros, que acham que atleta não pode ir a festas e deve ser um irretocável exemplo de virtude – e acrescentam que “eles ganham milhões para isso”. Me parece típico destes tempos de neurose da magreza e do politicamente correto.


 


É claro que o futebol nos tempos do gordinho Puskas era diferente, menos corrido e disputado, e hoje ele não conseguiria fazer tantos gols, mas me ocorre também a frase de Nelson Rodrigues: “Só um perna-de-pau corre 90 minutos”. Jogadores não são robôs, não precisam ser monogâmicos e caseiros para atuar bem. Disciplina é importante, mas não é tudo. E, como dizia Didi, há muitos jogadores que vão bem nos treinos e, na hora H, dentro de campo, não produzem nada.


 


Sim, Ronaldinho não está no mesmo nível de um ano atrás, mas o mesmo se pode dizer de seus companheiros, como Deco (para não falar de Messi e Eto'o, que acabam de voltar de contusões), e Gaúcho é o artilheiro do time na liga com 16 gols (assim como Ronaldo fazia muito mais que Raúl, mas a este se perdoa tudo). Tostão me disse que Pelé não gostava de treinar. Ok, era gênio e tinha aptidões físicas de superdotado. Mas desconfio que hoje diriam: “Se treinasse mais, seria ainda melhor”…