Bombardeio da Otan mata nove civis no Afeganistão

Nove civis afegãos morreram nesta segunda-feira (5/3) em um bombardeio da Otan (Pacto Militar do Atântico Norte) a uma casa no nordeste do país, de acordo com uma autoridade do país.

As vítimas — entre elas cinco mulheres e duas crianças — morreram quando um bombardeiro do Pacto atingiu a casa em que moravam, momentos após uma equipe de reconstrução da Otan ter sido alvo de um ataque na região, segundo o vice-governador Sayed Daud Hashimi.


 


O Ministério do Interior afegão confirmou que uma casa foi alvo de disparos na Província vizinha a Cabul, mas não soube informar se os tiros tiveram origem na Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) da Otan.


 


O presidente afegão, Hamid Karzai, condenou nesta segunda-feira a morte de dez pessoas no domingo, durante um ataque às tropas americanas e um tiroteio posterior ao atentado.


 


Karzai ordenou uma investigação sobre o ataque de ontem, no qual a resistência atacou um comboio militar das forças de ocupação com um carro-bomba, na região leste do país.


 


''O presidente condena com veemência o incidente, ocorrido devido a um ataque suicida a um comboio da coalizão, que obrigou as forças da coalizão a abrir fogo contra civis, dez dos quais morreram'', afirma um comunicado da Presidência.


 


O governo do Afeganistão divulgou um balanço de dez civis mortos no domingo, enquanto os ocupantes minimizaram as vítimas, informando que teria havido oito mortes e 35 pessoas teriam ficado feridas.


 


EUA apagaram imagens



 
A agência de notícias Associated Press vai apresentar às autoridades militares americanas queixa de dois jornalistas que tiveram as imagens de suas câmaras apagadas por soldados americanos. Segundo os jornalistas, os soldados tomaram as máquinas e eliminaram imagens que mostravam o local do ataque.


 


De acordo com os jornalistas autônomos, que prestavam serviço à AP, as câmeras continham ainda o vídeo de um veículo em que três pessoas foram mortas a tiros. Um porta-voz militar americano, David Accetta, disse que não tinha nenhuma confirmação de que as forças da coalizão “estiveram envolvidas (em atividades de) confiscar câmeras ou apagar imagens”.


 


Um fotógrafo autônomo a serviço da Associated Press e um cinegrafista que trabalhava para a AP Television News disseram ter chegado ao local cerca de meia hora depois ataque americano. Eles avistaram um carro em que, segundo testemunhas, estavam três civis mortos pelas forças americanas.


 


“Quando eu cheguei perto do veículo, vi os americanos tirando fotos do mesmo carro, então comecei a tirar fotos”, disse o fotógrafo Rahmat Gul. “Dois soldados com um tradutor chegaram e disseram: 'Por que vocês dois estão tirando fotos? Vocês não têm autorização'.” Gul disse que os soldados pegaram sua câmera, apagaram suas fotos e a devolveram.


 


Khanwali Kamran, repórter do canal afegão Ariana Television, disse que os soldados americanos também apagaram seu vídeo, noticiou a AP. “Eles advertiram que, se ele fosse exibido, 'você vai enfrentar problemas'”, afirmou Kamran, segundo a agência de notícias.