Skidmore: EUA querem apoio do Brasil contra a Venezuela

O historiador americano Thomas Skidmore acredita que a viagem do presidente George W. Bush ao Brasil, no próximo dia 8 de março, visa principalmente ''cultivar o apoio do Brasil contra Hugo Chávez''.

Skidmore disse que em várias o casiões o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “tem se posicionado contra o líder venezuelano”. Por isso, afirma, a viagem de Bush é ''um gesto de solidariedade para com o Brasil e um gesto contra a Venezuela''.



O historiador, citado na grande mídia como um dos “maiores brasilianistas” dos Estados Unidos, autor de obras como Brasil: de Getúlio a Castelo Branco, 1930-1964 , Brasil: de Castelo a Tancredo, 1964-1985 e Uma História do Brasil, acredita que os Estados Unidos vêem a Venezuela, atualmente, como ''como algo muito sério, uma grande ameaça''. Além disso, argumenta, o presidente da Venezuela está ''trabalhando muito bem com o dinheiro do petróleo na América Latina''.



A visita de Bush seria uma forma de o governo americano fortalecer sua posição na região, passando um sinal de que “o Brasil está apoiando os Estados Unidos''. Segundo Skidmore, o Brasil lucra pouco com a viagem de Bush.



“Lula ganha um pouco de prestígio, porque no Brasil é sempre bom quando o país conta com uma imagem positiva nos Estados Unidos”, disse. Mas o historiador acredita que aquele que seria o principal objetivo de Lula não irá se concretizar.



“O que ele espera é uma melhora nas relações comerciais entre os dois países. Esse é o eterno problema do Brasil com os Estados Unidos. Mas isso não vai ocorrer. Nesse caso, é o Congresso americano que cria uma barreira”, observa.



Na opinião do historiador, a oitava viagem de Bush à América Latina serve ainda para que o presidente americano desvie a atenção da opinião pública de seu país dos problemas vividos pela atual administração, como a ocupação no Iraque.



“Graças ao Iraque, Bush está praticamente sem opções. Uma viagem ao Brasil é uma forma agradável de desviar a atenção da opinião pública. E ele consegue fugir dos constantes encontros com a imprensa. Geopoliticamente, a viagem é favorável, mas acho que entre seus principais objetivos está o de afastar o Iraque da agenda”, afirmou.



Skidmore diz sobre Bush que ''o sujeito está chegando ao final de um mandato desastroso. Então, é preciso algumas atrações secundárias''. Para o autor, o Brasil cumpre bem esse papel, porque ''é um país bonzinho para os Estados Unidos e um parceiro secundário''.



Para Skidmore, o tão propalado acordo a ser firmado entre os dois países na área dos bicombustíveis é ''algo glamouroso, mas é também mais um desvio de atenção''. Nos Estados Unidos, afirma o historiador, o etanol é bem visto porque contempla os produtores de milho, ''que estão ganhando muito dinheiro em isenções''.



Mas ele acredita que o Brasil não conseguirá firmar alguns de seus objetivos principais ao firmar uma parceria com os Estados Unidos no setor. “Bush não irá reduzir tarifas (do etanol exportado pelo Brasil para os Estados Unidos). Ele não irá baixá-las de maneira alguma”, finalizou.