China cria órgão para administrar reservas internacionais

A China anunciou nesta sexta-feira (9/3) a criação de um novo órgão que se encarregará de administrar parte das reservas internacionais do país, que chegam a cerca de US$ 1 trilhão.

Segundo o ministro das Finanças chinês, Jin Renqing, a nova agência governamental fará parte do trabalho que cabia à Administração Estatal das Reservas Estrangeiras (“Safe”, ou seguro, na sigla em inglês). Diferentemente da Safe, que é subordinada ao Banco do Povo da China – o banco central -, o novo órgão gerenciador de reservas ficará subordinado ao Conselho de Estado, equivalente ao gabinete de ministros.



Essa medida, que já estava sendo estudada por Pequim, não consiste em uma mera intervenção burocrática. Ela significa que a China vai diversificar a aplicação de parte das suas reservas.



Atualmente, a China aplica quase todo o montante de suas reservas de modo muito conservador, comprando, por exemplo, títulos do Tesouro dos Estados Unidos – eles pagam juros muito baixos, mas têm o retorno praticamente 100% garantido. E o grosso das reservas ainda deve permanecer sob custódia da Safe.



O ministro Jin, que fez o anúncio na reunião do Congresso chinês, não deu detalhes sobre quanto das reservas passará para a nova agência, mas autoridades e a mídia chinesa têm estimado o valor em US$ 300 bilhões -30% do total das reservas chinesas em moeda estrangeira.



Risco
“O Bank of International Settlements – que é o banco central dos bancos centrais – recomenda que as reservas internacionais sejam aplicadas em investimentos de baixo risco”, afirma Sandra Utsumi, economista-chefe do Banco Espírito Santo. “Como derivativos, metais preciosos e papéis soberanos” – o nome no mercado no mercado dos títulos de dívidas de países desenvolvidos. Utsumi lembra que o objetivo das reservas internacionais de um país é servir de lastro para flutuações na balança de pagamentos, o que significa que é uma reserva que protege o país caso o fluxo de dinheiro nas transações com outros países seja negativo -o que não é o caso da China.



Palavras do ministro Jin corroboram essa avaliação: “A maior prioridade é segurança, e sob o princípio da segurança, nós tentaremos a eficiência do gerenciamento e do retorno dos investimentos”, disse.



No caso de procurar investimentos mais arriscados, a nova agência desvincularia um montante de suas reservas e criaria um fundo com tal objetivo, diz Utsumi. Com a mudança, ela pode passar a investir em empresas petrolíferas, mineradoras e outras no mundo todo.



Um outro objetivo dessa agência seria usar parte das reservas internamente, investindo em programas sociais. Mas o ministro das Finanças não detalhou como funcionará a agência; nem a partir de quando. A reunião do Congresso Popular Nacional teve início no começo da semana.



O Congresso é um fórum no qual o governo central debate problemas e soluções em diversas áreas com os governos regionais, além de a anunciar os planos e projetos para o futuro do país.