Privatização do Besc está fora da pauta do Governo Federal
Apesar da incerteza quanto a destinação do Besc, algumas possibilidades foram sinalizadas nesta semana. Incorporação pelo Banco do Brasil ou parceria com BRDE são dois possíveis caminhos. A privatização é uma opção fora da intenção do Governo Federal.
Publicado 10/03/2007 21:15 | Editado 04/03/2020 17:14
Durante reunião dos governadores de Estado com o Presidente Lula, o governador do estado de Santa Catarina Luiz Henrique ouviu do ministro da Fazenda Guido Mantega que uma das saídas seria a incorporação do Besc pelo Banco do Brasil. Ao mesmo tempo o Secretário estadual da Fazenda Sérgio Alves estava reunido com Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Bernardo Appy, definindo a formação grupos de trabalho com técnicos do Tesouro Nacional e da Secretaria da Fazenda para buscar solução jurídica e avaliar a questão das contas-salário.
Besc salvo da crise
Operações erradas e falta de responsabilidade com as regras e exigências da legislação levaram o banco a uma grave crise na década de 90 que levou o banco a federalização em 1999 com o objetivo de levar a privatização em seguida. Estratégias da cartilha neoliberal governo FHC que levou várias estatais à privatização. Tão avançado era o processo de venda no final do ano de 2002 que por duas vezes o leilão fora marcado e os investidores já estavam com as propostas prontas.
O combate às privatizações, implementado pelo programa político do governo Lula no início de 2002 jogou água fria nas ações da política neoliberal em curso no país. Eurides Mescolotto passa a ser o presidente do Besc e inicia as conversas com o Banco Central no sentido de tornar viável o Besc público. Com a “Operação de Guerra contra o Prejuízo” a administração do banco passa a observar as regras e exigências da legislação, busca a sobrevivência, e faz uma política no sentido de reduzir os custos com despesas administrativas e focando as ações do banco em operações como a consignação, desconto de cheques e duplicatas, buscando aqueles créditos que poderiam nos alavancar em um curto prazo. Ao fim de 2003 o banco sai do vermelho e entra em fase de crescimento. Em novembro do ano passado o banco apresenta um patrimônio líquido de R$ 186,1 milhões.
O Banco porém continua na lista de privatizações do Governo Federal e segundo o diretor de Liquidação e Desestatização do Banco Central, Carlos Eduardo de Freitas, em aproximadamente 6 meses o banco deve ser privatizado. Essa afirmação não condiz com os atuais processos de privatização, segundo Mescolotto nunca se pode dar prazo para este tipo de questão. “Já faz anos que querem privatizar o Besc e até agora não conseguiram”, lembrou.
Segundo a assessoria de imprensa do Governo de Santa Catarina o banco tem condições legais de ser privatizado, e depende agora do Governo Lula. Poderá continuar como está, em caráter federalizado, pode ser privatizado, ou incorporado por outra instituição financeira como é o caso da compra pelo Banco do Brasil. Existe ainda a possibilidade de uma parceria com parceria com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo-Sul (BRDE). A hipótese de extinção do Besc está descartada
Privatização não é interesse do Governo Federal
De acordo com a assessoria de imprensa do Besc a privatização do banco está fora da pauta do Governo Federal, pelo contrário a discussão hoje seria a retirada do Besc da lista do Programa Nacional de Desestatização – PND. Neste sentido ainda não há definição. Estão sendo estudados vários caminhos para a estatal
A reestadualização do banco não seria possível segundo o presidente do banco Eurides Mescolotto, “Esta é uma questão que diz respeito ao governo do Estado e se o governador Luiz Henrique da Silveira disse que não tem dinheiro, então o Besc não deve ser reestadualizado”, afirmou.
Mescolotto pretende conhecer experiências alternativas, como bancos de capital misto para ver se é possível adequar à realidade do banco catarinense. “Vamos a São Paulo para conhecer os moldes do banco Nossa Caixa Nosso Banco, que é uma parceria entre iniciativa privada e o setor público”, revelou. Ele também destacou que vai discutir com a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) alguma medida conjunta.
Mescolotto explicou que seu papel à frente do Besc é ouvir a sociedade e os interessados sobre o melhor destino do banco. O presidente do Besc também destacou que para isso vai criar o Conselho de Acompanhamento do Besc. “Vamos ouvir quem acha que ele deve ser privatizado e também quem acha que não deve”, disse.
Quanto a alternativa de uma parceria com o presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo-Sul (BRDE), Casildo Maldaner, já marcou uma reunião para o dia 28, em Brasília, para expor aos representantes dos três estados do Sul a alternativa de transformar o Besc em repassador dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), gerenciados pelo BRDE na região Sul. O BRDE só pode receber recursos do FAT através de organismo financeiro federal, hoje o BNDES.
Ana Maria Lima