Venezuela tem exportado menos petróleo aos EUA

Reflexo da crise diplomática entre os dois países, o cordão umbilical que une os EUA à Venezuela aos poucos está ficando mais tênue: em três anos, as exportações de petróleo venezuelano ao mercado norte-americano passaram de 56% para 45% do total vendido

A redução se deve ao esforço do presidente Hugo Chávez para ficar menos dependente do mercado norte-americano e ao uso do petróleo para obter apoio diplomático, sobretudo na América Latina. Atualmente, a Venezuela é o quarto maior fornecedor de petróleo aos EUA, responsável abastecer cerca de 7% do mercado americano.



“Os últimos relatórios indicam que a Venezuela já não ocupa os três primeiros lugares como fonte energética dos Estados Unidos. Isso continuará diminuindo, porque estamos nos diversificando”, disse Chávez nesta sexta-feira (9/3) a um canal de TV argentino. “Neste ano, vamos chegar a cerca de 500 mil barris diários exportados para a China. Estamos diminuindo do jorro que todos os dias enviamos aos EUA.”



Caso a previsão de Chávez se confirme, a exportação à China dará um salto enorme, já que, no primeiro semestre de 2006, o país asiático comprou apenas 69.600 barris/ dia de petróleo venezuelano.



Outro destino crescente do petróleo da Venezuela tem sido os países vizinhos, que, ao contrário dos EUA, pagam com serviços ou preços subsidiados, como é o caso de Cuba, que recebe derivados em troca do envio de médicos e professores.



Longo prazo
A tendência de queda da venda do petróleo venezuelano aos EUA é em parte confirmada pelo governo norte-americano. Segundo o Escritório de Informação sobre Energia (EIA, na sigla em inglês), os EUA compraram 1,45 milhão de barris diários de petróleo e derivados no primeiro semestre de 2006, uma redução de 8% em relação ao mesmo período de 2005. Mas essa redução é minimizada pelo EIA porque parte da exportação de petróleo bruto ao Caribe, um destino em crescimento, tem sido refinada e reenviada aos EUA, ficando fora das estatísticas.



O EIA estima ainda que os EUA “provavelmente continuarão sendo o mercado mais importante para a Venezuela até onde se pode prever”, segundo o mais recente relatório sobre o país.



“No curto prazo, as opções que a Venezuela tem fora dos EUA são limitadas”, diz Jorge Piñón, ex-presidente para a América Latina da Amoco Oil. Ele pondera que a Venezuela teria de decidir também o que fazer com a Citgo, subsidiária da PDVSA nos EUA com capacidade de refinar 800 mil barris/dia.