Britto, da OAB, elogia indicação de Tarso para a Justiça

O presidente da OAB nacional, Cezar Britto, está satisfeito com a escolha de Tarso Genro para o Ministério da Justiça. “A história de Tarso é de hábil negociador político. Tanto é que no seu discurso de posse ressaltou o papel político do Ministério da Ju

Britto está confiante no permanente diálogo do novo ministro com a OAB. “Ele quer que a OAB, pela sua importância na história e ampla respeitabilidade social junto à sociedade colabore, critique e debata com o Ministério”.



Crítica a “erros” de Thomaz Bastos



Ao lembrar de algumas batalhas enfrentadas por Márcio Thomaz Bastos, como as invasões desenfreadas a escritórios de advocacia em 2005, Britto diz esperar que a Polícia, agora sob o comando de Tarso, “não cometa os mesmos erros”.



“Espera-se que não se repita agora os graves erros cometidos pela Polícia Federal no que se refere ao exercício da advocacia. Qualquer lesão à atividade do advogado como grampos telefônicos e invasões de escritórios viola qualquer perspectiva de uma boa gestão”, afirmou o presidente da OAB nacional.



Tarso prometeu atenção especial à política de segurança pública, diálogo permanente com a OAB e transparência em atos da Polícia Federal. Ele ocupa agora o cargo de Márcio Thomaz Bastos. “O Tarso Genro é um companheiro que vocês conhecem. Eu vou deixar para falar do Tarso Genro depois da posse dele. Mas, Tarso, toda a sorte do mundo, meu querido, o jogo é duro”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia de posse nesta sexta-feira (16/3).



Risco de greve na PF



Tarso já estréia no cargo com a missão de cuidar de uma ameaça de paralisação da Polícia Federal. Policiais federais podem paralisar suas atividades, caso o governo federal não cumpra o acordo negociado por Márcio Thomaz Bastos, em fevereiro de 2006, e não pague a segunda parcela do reajuste salarial à época combinada.
Na tarde de quinta-feira (15), representantes da categoria se reuniram em Brasília, onde pretendiam ser recebidos por Bastos. Como o ministro estava em Maceió (AL), os manifestantes fizeram um rápido ato público. Expuseram em frente ao edifício do Ministério da Justiça cartazes nos quais pediam o cumprimento do acordo.



O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Sandro Avelar, garantiu que a greve não sai agora. “Não vamos fazer greve agora. Esse não é o nosso intuito, mas vamos permanecer mobilizados”, disse. Segundo os policiais, o acordo previa um reajuste salarial de 60%, dividido em duas parcelas iguais. A primeira delas foi paga em julho de 2006. A segunda, alegam os policiais, deveria ter sido paga em dezembro do mesmo ano, mas até agora não houve nenhuma resposta.



A reposição negociada buscava diminuir a desigualdade salarial entre a Polícia Federal, o Ministério Público e a Magistratura Federal. Em nota, a ADPF afirma que, enquanto as outras carreiras tiveram reajustes que variaram entre 130% e 311%, os policiais federais receberam, nos últimos 12 anos, uma recomposição pouco acima de 40%. Agora, a esperança da categoria é que o novo ministro, Tarso Genro, resolva o problema sem a necessidade de outras manifestações por parte dos policiais.



Justiça será o quarto ministério de Tarso



Tarso Genro, 60 anos, nasceu em São Borja (RS) e na juventude militou na Ala Vermelha. Graduado em Direito com especialização em Direito Trabalhista, foi eleito prefeito de Porto Alegre por duas vezes. Tarso também ocupou os cargos de vice-presidente do Instituto dos Advogados do Brasil (RS) e de conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (RS).



Convidado a integrar o Ministério do Governo Lula, Tarso Genro exerceu a função de titular da Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (2003) e ministro da Educação (2004-2005).



Durante a crise política de 2005, Tarso deixou a Esplanada dos Ministérios para assumir interinamente a presidência do PT. No cargo, defendeu a refundação do partido face às denúncias de corrupção de alguns dos seus principais quadros. A tese, que não obteve consenso, é defendida nos debates do 3º Congresso petista, em documento conjunto do ex-prefeito portoalegrense e da tendência Democracia Socialista.



Ao deixar a presidência do PT, Tarso genro foi chamado de volta por Lula, em 2006, desta vez para o ministério de Relações Institucionais. A passagem para a pasta da Justiça, longamente antecipada pela imprensa, é vista como uma promoção.



Com informações do Consultor Jurídico