Vice-presidente iraquiano é executado

O vice-presidente iraquiano deposto pela invasão anglo-americana foi executado na forca aproximadamente às 3h desta terça-feira (21h de segunda-feira em Brasília), próximo do horário em que se cumprem quatro anos de ocupação ilegal do Iraque.

O corpo do vice-presidente iraquiano Taha Yassin Ramadan foi sepultado no túmulo onde se encontram os restos do presidente Saddam Hussein, executado em dezembro de 2006.


 


O corpo de Ramadan, envolvido com a bandeira do Iraque, foi enterrado na aldeia de Awja, povoado natal de Hussein, na província de Saladino, ao norte de Bagdá, após uma cerimônia fúnebre da qual participaram cerca de 1.500 pessoas, segundo informações divulgadas pela mídia internacional.


 


Ramadán, exercia o cargo de vice-presidente do Iraque e foi condenado à morte com o presidente Saddam Hussein e mais dois membros do governo derrubado. O advogado Badie Aref, que participou na defesa de Hussein, disse que Ramadan teve ''direito a chamar a família''.


 


Aref afirmou que Ramadan estava calmo e sereno, pediu à sua família e aos seus amigos para rezarem por si e afirmou que não tinha medo da morte.


 


Paz somente com retirada


 


Em Kuala Lumpur, o presidente da Organização da Conferência Islâmica (OCI), Syed Hamid Albar, afirmou nesta terça-feira (20/3) que não haverá paz enquanto durar a ocupação estrangeira do Iraque.


 


''Os Estados Unidos devem retirar as tropas do Iraque'', declarou ao parlamento o ministro dos Negócios Estrangeiros da Malásia. ''Os problemas internos do Iraque devem ser resolvidos pelos próprios iraquianos'', defendeu.


 


Juiz Garzón: hora de julgar quem fez a guerra


 


Nas Espanha, o juiz que tentou prender o falecido ditador chileno Augusto Pinochet disse hoje que chegou a hora de exigir que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e seus aliados prestem contas pela guerra no Iraque.


 


Em artigo de opinião publicado no jornal El País, no quarto aniversário da invasão perpetrada pelos Estados Unidos, o juiz Baltasar Garzón disse que a guerra é ''um dos episódios mais sórdidos e injustificáveis na história humana recente''.



 
''Deveríamos olhar mais profundamente na possível responsabilidade criminal de pessoas que são, ou foram, responsáveis por esta guerra e ver se há evidência suficiente para fazê-las responder por isso'', escreveu Garzón.


 


''Há argumentos suficientes em 650.000 mortes para esta investigação começar, sem mais demora'', disse.


 


Garzón, que ficou famoso em 1999, quando pediu a extradição de Pinochet do Reino Unido e julgá-lo por crimes contra a humanidade, criticou especialmente o governo espanhol, que apoiou a invasão do Iraque.


 


''Aqueles que aderiram ao presidente dos Estados Unidos na guerra contra o Iraque têm tanta ou mais responsabilidade do que ele, porque apesar de ter dúvidas e informação tendenciosa, eles se colocam nas mãos do agressor para realizar um ato ignóbil de morte e destruição até hoje'', disse.


 


Aznar entre os criminosos


 


Em fevereiro, o ex-primeiro-ministro espanhol José María Aznar afirmou saber hoje que o Iraque não tinha armas de destruição em massa, mas que ''o problema foi não ter sido inteligente o suficiente para saber antes''.


 


Em relação às delcarações de Aznar, Garzón observou que ''se ele não sabia o suficiente, deveria ter sido perguntado por que não agiu com prudência, dando aos inspetores da ONU mais tempo, em vez de fazer o oposto, em total submissão e fidelidade ao presidente Bush'', disse.


 


''Descumprir todas as leis internacionais sob o pretexto de combater o terrorismo foi um ataque demolidor ao estado da lei e à própria essência da comunidade internacional desde 2003'', escreveu.


 


Garzón, que passou o ano de 2006 para estudar terrorismo internacional, disse que a guerra no Iraque ajudou a incentivar o ódio e dar mais apoio a campos de treinamento terrorista.


 


''De certa maneira, com uma terrível falta de consciência, ajudamos este monstro a crescer mais e mais e fortalecer ao ponto de ser provavelmente invencível.''