Desafios a serem superados em  busca de  um projeto nacional

“São inegáveis  grandes os avanços obtidos por meio do reconhecimento
institucional do estado brasileiro no campo dos direitos das mulheres e da luta
anti- racista em  nossa sociedade. As  mudanças sociais e políticas que vem
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São inegáveis  grandes os avanços obtidos por meio do reconhecimento
institucional do estado brasileiro no campo dos direitos das mulheres e da luta
anti- racista em  nossa sociedade. As  mudanças sociais e políticas que vem
ocorrendo nos trazem grandes desafios  no que se refere à participação da
mulher  no processo de transformação social, econômico e político.


 


Um  dos princípios que fundamenta a democracia é a representação política. No
Brasil, temos um diagnóstico de subrepresentação das mulheres  nos poderes da
República:as mulheres são13% dos cargos eletivos dos poderes Legislativos e
Executivos, nos  três níveis de governo. Por isso, é  necessário avançar muito
para que  sejamos representadas de forma  eqüitativa rompendo com a
desproporcionalidade nas relações de  gênero e racial.


 


As estatísticas nacionais nos mostram que  as  mulheres  são as que mais
sofrem desigualdade social.Elas recebem menos que os homens mesmo tendo um grau
de escolaridade igual ou superior ao deles. Segundo as estatísticas (PNAD/IBGE
2003), as  mulheres  representam 89 milhões  ou seja  51.2% da população
brasileira, sendo  46% negras e pardas. Aproximadamente  85,4% vivem em áreas
urbanas.Amplia-se o segmento de mulheres em idade reprodutiva, ou seja, entre
15 e 49 anos, que em 2003, já representava 54,7% da população feminina.
Em termos  globais, o rendimento médio dos homens era de R$ 785,82 enquanto o
das  mulheres ficava em R$ 546,96, o que representava 69,6% dos homens isto
indica que a educação, por si, não garante às  mulheres melhores condições
salariais e / ou mais acesso a cargos de decisão, variável que também
influência os rendimentos oferecidos.


 


A situação educacional  no Brasil sofreu uma sensível melhora nos últimos anos,
beneficiando as mulheres, principalmente no que se refere  à queda das taxas de
analfabetismo, que  caiu de 20,28% em 1991 para 13,50% em 2000, entre  aquelas
com  mais de 15 anos de idade.


 


A taxa de participação das  mulheres  no mercado de trabalho  no Brasil,
conforme a Pesquisa Nacional por Amostra a Domicílios (PNAD/IBGE) de  2003,  já
 é de 50%.  Ainda que  venha crescendo significativamente nas ultimas décadas, a
taxa de participação feminina posiciona-se mais de  20 pontos percentuais abaixo
da taxa de participação masculina, que é de 73%5. Os dados  disponíveis sobre  o
mercado de trabalho indicam as dificuldades que um contingente importante de
mulheres, especialmente as  mais pobres e com  menos escolaridade, ainda
enfrentam para poder entrar no mercado de trabalho.As diferenças se repetem 
no interior dos grupos raciais: mulheres brancas apresentam maior escolaridade
que os  homens brancos e  mulheres negras tem  maior escolaridade que os
 homens negros. Apesar disso, a taxa de desemprego das  mulheres permanece 58%
maior que a dos  homens, e das  mulheres negras 20% maior que as  mulheres
brancas.


 


A pobreza e a marginalidade a que são submetidas às mulheres  negras reforçam o
preconceito e interiorização da condição de inferioridade, que inibe a reação e
a luta  diante da discriminação sofrida no ingresso  ao mercado de trabalho.
Ainda  é  forte o estigma da inferioridade em que  muitas  mulheres negras
vivem, não podemos deixar de considerar  que esse  horizonte não  é absoluto,
pois há uma parcela de mulheres negras que conseguiram vencer as
adversidades.Tendo  na universidade uma ponte para  o sucesso profissional,
conquistaram melhores cargos no mercado de trabalho. Entretanto,  para
conquistar  tal cargo,  a mulher negra  precisa comprovar sua competência 
profissional duas  vez  mais  que  o homem e precisa lidar com o preconceito,
discriminação de  gênero e racial que lhe exige maiores esforços para  o ideal
pretendido.


 


A participação  das  mulheres  nos  movimentos sociais e políticos ocorrem em
diferentes níveis. Em diversos setores existe  uma participação ativa das
mulheres, entretanto são poucas ainda as que  ocupam um cargo  com  mais
relevância.A  partir  do momento que  tem seus  filhos,  a tendência é  de
diminuir sua  militância, ficando nos  bastidores. Não  podemos fechar os
olhos para essa realidade, mesmo dentro do nosso campo político e partidário
onde   lutamos  por uma sociedade mais  justa e igualitária sem opressão e
discriminação, não ficamos   livres  do pensamento, machista, patriarcal e
racista no qual esse  sistema capitalista vem  os submetendo até  hoje.
Contudo, verificamos a fragilidade até  mesmo nas esferas de poderes
institucionais, partidários e das nossas entidades de caráter  misto (composta
por  homens e mulheres), quando olhamos para teoria e a pratica, percebemos o
quanto o preconceito e a discriminação estão enraizadas  culturalmente  e  o
quanto permeiam  as relações  sociais  e políticas, apesar do crescente
questionamento dos  valores e praticas machista, sexista ,homofôbica e racista,
visto pela sociedade  como normais.


 


A sociedade esta impregnada por esses valores de forma, muitas vezes ,
inconsciente. Porém esta ação  está presente  no nosso dia a dia.Portanto é
necessário pensarmos de  que forma estamos  tratando essas relações  de gênero
e  de racial, pois ao pensar  na condição das mulheres, não  podemos deixar de
refletir sobre as  mulheres negras: elas  estão nos  bastidores das principais
lutas, entretanto são raríssimos os casos  que  são  colocados nos quadros de
valorização e formação  do partido. Quantas  mulheres  negras tiveram
investimento  num projeto eleitoral, de reais  condições eleitorais.  mesmo
tendo uma  atuação partidária e de  massa?Quantas  ocupam  cargo de direção
partidário?


 


A atuação das  mulheres  negras no espaço político é ainda muito oneroso sem
recursos financeiros, sem tempo para uma maior dedicação, inclusive  por
sobrecarga de tarefas  no âmbito doméstico e profissional.


 


A luta  emancipadora e anti-racista não é só de responsabilidade das  mulheres
e dos  negros  e negras do PCdoB, mas de todos e todas que lutam por uma
sociedade sem classe, dominação e opressão. Portanto, cabe a todos  e  todas
assumir  essas bandeiras,estimulando e contribuindo dentro do seio partidário a
 ampliação da participação política das mulheres nos espaços de  direção do
partido e das entidades onde atuamos, desconstruindo a idéia de que são
instituições masculinas, cujo funcionamento e estrutura dificultam a
participação das mulheres.