Sem as mulheres nas instâncias de decisões, o PCdoB não poderá cumprir o seu papel histórico
A opinião é de Ana Lúcia Cruz, da Comissão de Formação PCdoB do Rio Grande do Sul. O artigo, uma contribuição para o debate em torno da 1ª Conferência Nacional sobre a Questão da Mulher, que acontece em Luiziânia entre os dias 29 e 31 de março.
Publicado 26/03/2007 21:16 | Editado 04/03/2020 17:12
Nos 85 anos de desenvolvimento do Partido Comunista do Brasil, desde a sua fundação, as resoluções de suas conferências, de seus congressos têm sido um reflexo de uma luta geral na sociedade brasileira. A atuação das mulheres no PCdoB tem sido também um reflexo de uma luta geral e específica pela emancipação de gênero e superação da opressão de classe..Essas lutas são permeadas e se desenvolvem em um intenso confronto de idéias .
A 1ª Conferência Nacional sobre a Questão da Mulher é resultado e deve ser propulsora de uma intensificação da luta de idéias no interior do partido acerca do papel estratégico da atuação da mulher no PCdoB. O Partido para desenvolver o seu pensamento político empreende grande esforço para o conhecimento dos fenômenos da realidade. O desenvolvimento teórico sobre as questões de gênero, que a conferência está aprofundando e elevando ao coletivo, é decisivo para a elaboração do pensamento de partido.
Mas essa elaboração somente pode se transformar em força de intervenção do partido na luta emancipacionista e na inserção protagonista das mulheres na construção de uma novo projeto de desenvolvimento, na medida em que as mulheres assumirem o protagonismo na vida partidária.
Ainda com todas as dificuldades que existem para a integração das mulheres nas várias instâncias de partido, de uma forma ou de outra elas se congregam, mas quando se trata dos espaços de decisão, existe uma muralha recheada de preconceitos, mentalidades e concepções conservadoras.
A construção da política de cotas para as direções hoje se apresenta como um avanço, que incrivelmente ainda encontra restrições em visões que a compreendem de uma forma isolada, fora do conjunto de uma luta para construção da participação das mulheres nos espaços de decisão do partido. Essa questão deve se elevar nos debates da Conferência..O fortalecimento da concepção emancipacionista depende disso e o PCdoB não tem como cumprir os seus objetivos sem as mulheres nos espaços de decisões.
Para esse fortalecimento também é absolutamente necessário que a União Brasileira de Mulheres saia da conferência elevada à nova fase, construindo-se em instrumento real de intervenção do partido na luta de gênero para dar-lhe a conotação socialista indispensável.
Que esta Conferência sobre a Mulher seja uma marca na comemoração dos 85 anos do PCdoB. Uma história de qualificação da participação de mulheres e homens na luta pela transformação social.