Influência sindical leva PDT para o Ministério do Trabalho

Sai a CUT, entra a Força Sindical. Esta é, grosseiramente falando, a síntese da mais nova etapa da reforma ministerial feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em conversa com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, Lula ofereceu ao PDT a po

A informação sobre esta mudança inesperada na reforma ministerial circula desde a noite desta terça-feira (27) em todos os principais portais e telejornais do país. A informação consta também do site do PDT, que informa inclusive que a posse de Carlos Lupi como Ministro do Trabalho ocorrerá na quinta-feira (29). Mas até o fechamento desta edição, as informações ainda eram desencontradas. A agência oficial do governo não confirmou a informação e vários sites ainda davam destaque à notícia de que o PDT ficaria na pasta da Previdência.


 


O líder do PDT na Câmara, Miro Teixeira (RJ), disse que a opção do partido pelo Ministério do Trabalho tem o respaldo da bancada, que se reuniu no final da tarde para discutir o assunto, assim que o presidente da legenda, Carlos Lupi, deixou o Palácio do Planalto. Segundo Miro, 60% da bancada apoiaram a opção pelo Trabalho.


 


“Fiz a consulta na bancada e deu 60% em favor do Trabalho e 40% a favor da Previdência”, disse o deputado. Segundo ele, esta opção “tem a ver com toda a linha trabalhista que rege o PDT, que passa pela questão do Trabalho, de João Goulart.  Aliás, o último ministro trabalhista a ocupar o Ministério do Trabalho foi o João Goulart”, lembrou Miro.


 


Apesar de inegável influência histórica do trabalhismo, na reunião da bancada o argumento que mais pesou foi o fato de uma das principais lideranças atuais do PDT, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), ser também dirigente da Força Sindical, segunda maior central sindical do país, com grande interesse em ver o PDT comandando o Ministério do Trabalho e Emprego.


 


Mas a influência do ex-presidente da Força não será determinante para a escolha do nome que irá assumir a pasta do Trabalho. Carlos Lupi continua sendo o nome mais provável para integrar a equipe ministerial do segundo mandato do presidente Lula.


 


Apesar das resistências do próprio Lula, a bancada reforçou que Lupi era a única indicação do PDT para ocupar um ministério. “O Lupi é o único que une o partido. Qualquer outro nome dividiria o PDT”, explicou o deputado Pompeu de Mattos (PDT-RS).


 


Miro Teixeira negou que o presidente Lula tivesse desistido de oferecer a Previdência ao partido devido ao fato de o PDT votar sistematicamente contra as propostas do governo na área previdenciária.


 


“Ele colocou uma alternativa. Mas, no caso da Previdência, não mudaríamos nossas posições”, disse Miro Teixeira.


 


No Palácio do Planalto, a avaliação é de que Lula sinalizou ao PDT que não gostaria de ver o partido na Previdência e colocou uma alternativa. Com esse arranjo, o ministro Luiz Marinho (PT) iria do Trabalho para a Previdência, assegurando que a pasta continuaria com as propostas de redução do déficit e Nelson Machado, atual ministro da Previdência, deve assumir a secretaria-executiva do Ministério da Fazenda. O PDT, por exemplo, votou contra o projeto que muda as regras de concessão do auxílio-doença, tornando-as mais rígidas.


 


Foi também por causa de divergências no voto da bancada pedetista que a definição sobre o Ministério que caberia ao PDT acabou sendo uma das últimas etapas da reforma ministerial.


 


A bancada do partido na Câmara estava atuando a favor da instalação da CPI dos Aeroportos, que o governo tenta evitar. Somente depois que a bancada resolveu votar juntamente com a base aliada contra a CPI é que o presidente Lula sentiu-se à vontade para agregar o PDT na equipe ministerial.


 


Próximos passos


 


Depois de quase três meses de negociações com onze partidos, o presidente Lula marcou a primeira reunião de seu novo ministério para a próxima segunda-feira, ainda com dúvidas em dois ministérios ocupados por indicações do PT.


 


Lula quer definir a situação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Secretaria Especial da Pesca, até quinta-feira, quando tomarão posse os ministros Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Franklin Martins (Comunicação Social) e Alfredo Nascimento (Transportes).


 


Para o MDA, Lula pode manter o ministro Guilherme Cassel, nomear o deputado Pedro Eugênio (PT-PE), apoiado pela Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), ou o presidente do Incra, Rolf Hackbart, apoiado pelo MST.


 


O PT ainda insiste na indicação do agrônomo Joaquim Soriano, da tendência Democracia Socialista e membro da executiva nacional do partido.


 


O ex-ministro José Fritsch, que deixou a Secretaria da Pesca há um ano para disputar (e perder) o governo de Santa Catarina, quer voltar ao cargo, mas Lula tende a manter seu substituto, Altemir Gregolin, disseram fontes do PT e do governo.


 


Lula já promoveu sete alterações no ministério. Nomeou deputados do PMDB para Integração Nacional (Geddel Vieira Lima) e a Agricultura (Reinhold Stephanes) e o médico José Gomes Temporão para a Saúde, incluída na cota do partido.


 


O PT ganhou Justiça (Tarso Genro) e Turismo (Marta Suplicy), mas perdeu a estratégica secretaria de Relações Institucionais, que ficou com o ministro Walfrido Mares Guia, do PTB.


 


José Antônio Toffoli, ex-advogado de Lula e do PT nos tribunais eleitorais, foi nomeado ministro da Advocacia Geral da União, no lugar de lvaro Ribeiro da Costa.


 


Da redação,
com agências