Movimentos do PSTU e PSOL reúnem 5 mil contra reformas

Um Encontro Nacional Contra as Reformas, convocado por movimentos sindicais e populares sob direção do PSTU e PSOL, reuniu milhares de pessoas no ginásio Ibirapuera, em São Paulo, neste domingo (25). O encontro propõe luta unificada contra possível flexib

O balanço final da atividade divulgou a presença de cerca de 5 mil pessoas de 626 organizações sindicais, populares e estudantis ligadas a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) e a Intersindical. Os credenciados vieram de 201 cidades de 19 estados, além do Distrito Federal. A maioria das entidades, 584, pertence ao movimento sindical.


 


O Encontro é uma articulação que pretende antecipar a resistência à flexibilização de direitos que, segundo as entidades participantes, estão contidas nas reformas propostas pelo governo. Também foi articulado um calendário conjunto de mobilizações para o ano.


 


Encontro mantém organização paralela à CUT e à UNE 


 


Para Francisvaldo Mendes, dirigente nacional da Intersindical, “o encontro, que criou o Fórum Nacional de Mobilização, procurou reunir as várias expressões da esquerda nacional para recriar um movimento que ocupe um vácuo na organização dos trabalhadores desde a desarticulação da esquerda e do movimento sindical. A proposta é sair da resistência para uma ação mais concreta, recuperando um papel organizativo que deixou de ser desempenhado pela CUT nos últimos tempos”.


 


O PSTU fundou a Conlutas em 2005 e desde então não reconhece mais as entidades nacionais históricas dos movimentos sociais, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Na avaliação do partido estas entidades e movimentos deixaram de lutar quando o governo Lula passou a governar o país.


 


“Não temos como norte o combate à CUT. Mas ela deixou de cumprir a função de unificar os trabalhadores e passou a adotar a estratégia de negociação com o governo”, explicou Mendes.


 


“25 de março marca a retomada da ofensiva”, diz Arruda Sampaio


 


“O sentido histórico dessa assembléia é que ela diz 'basta'! Agora vamos avançar. Isso fará com que um dia um historiador diga que o dia 25 de março marcou a volta do movimento a ofensiva. A primeira condição é a unidade: avançar significar infringir perdas ao capital e o capital só tem um coração, que é o bolso. A unidade é para que a gente saiba que passos temos que dar para a frente sem nos liquidar”, arrematou Plinio de Arruda Sampaio, ex-candidato ao governo de São Paulo pelo PSOL.


 


O Encontro definiu por uma agenda intensa de mobilizações anti-Lula. “Os trabalhadores brasileiros vivem um dos períodos mais dramáticos da história de suas lutas (…). Com a estagnação econômica, verificou-se o avanço da onda neoliberal, resultando na privatização de importantes patrimônios, como a siderurgia, telecomunicações e outros, ampliação sem precedentes da educação privada e de planos de saúde e a primeira fase da reforma da previdência, com significativa retirada de direitos e desvalorização dos benefícios dos aposentados”, afirma o documento final do encontro, que propôs um extenso calendário de atividades até o final deste ano – que inclui campanhas contra a reforma da previdência, sindical e trabalhista, universitária e tributária, a política econômica do governo, as privatizações, e pela defesa do direito de greve, entre outras.


 


“Chamamos todos os setores que queiram conversar. O MST esteve presente como convidado, e vamos conversar até com a CUT”, explica José Maria de Almeida, da coordenação nacional da Conlutas.


 


Para o historiador Valério Arcari, membro da direção nacional do PSTU, o evento fortaleceu a premissa da bandeira de “nenhum direito a menos” na luta dos trabalhadores. Segundo ele, a iniciativa pode significar um novo ponto de apoio para a organização sindical de base, desde que saiba se aproximar das demandas e da linguagem dos trabalhadores.


 


Rumos do Fórum Nacional de Mobilização


 


Já há pelo menos duas grandes campanhas que estão sendo desenvolvidas pelas entidades da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS). A primeira trata das mobilizações pela Reforma Política, que nesta terça (27) iniciou uma articulação – que deverá se estender até o final desta semana – com parlamentares e entidades para a realização de audiências, seminários e reuniões no Congresso Nacional na busca da aprovação de uma Reforma Política com participação popular.


 


A segunda campanha diz respeito à manutenção do veto do presidente Lula à Emenda 3. Sete centrais sindicais – Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central Geral dos Trabalhadores (CGT), Social Democracia Sindical (SDS), Central Autônoma dos Trabalhadores (CAT) e Nova Central – reuniram milhares de trabalhadores dia 27, em um ato na capital do país, para preparar uma greve geral para o dia 10 de abril contra setores do empresariado e da mídia, que insistem em derrubar o veto.


 


Será que a Conlutas e a Intersindical integrarão estas campanhas? 
  


Durante as últimas eleições presidenciais a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) buscou uma aliança tácita com a então candidata do PSOL, Heloísa Helena, através de um programa anti-Lula. Agora é aguardar para saber se o Fórum de Mobilização, lançado no encontro, ajudará os demais movimentos sociais a pressionarem o governo Lula por mudanças na política macroeconômica ou fará a oposição que setores, como o PSDB e o PFL, gostariam de fazer, mas não conseguem: a oposição nas ruas.