Estudantes param trânsito de São Paulo pelo passe livre

O Dia Nacional de Luta pelo Passe Livre, realizado em 18 capitais brasileiras no último dia 22, aconteceu na capital paulista neta quarta-feira (28). A bandeira que reuniu milhares em todo país parou o trânsito de São Paulo com mais de 500 estudantes na A

Com um carro de som, muitas bandeiras, palavras de ordem e animação os estudantes deixaram o vão do Masp por volta das 9 horas e seguiram em direção à avenida Brigadeiro Luís Antônio. O trânsito apresentou lentidão, chegando a dois quilômetros, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).


 


Os estudantes fazem campanha pelo passe livre no transporte público e por melhorias na educação básica do estado. O protesto seguiu até a assembléia legislativa para tentar uma audiência com deputados para discutir o tema do passe estudantil.


 


“A cidade de São Paulo tem um das tarifas mais caras do país. Sofremos, recentemente, um reajuste de tarifas muito acima da inflação. Muitos de nós deixam de ir à aula porque não há mais condições de pagar o valor da passagem. Além de tudo isso, neste ano a Sptrans atrasou mais do que o costume a confecção da carteira de meio passe, fazendo com que nem o pouco que temos, que é o meio-passe apenas nos meses letivos e para ir e voltar da escola, existisse. A situação da educação em São Paulo já é alarmante, querer ir para a escola é um ato de heroísmo. Mas, mesmo assim, daqueles que insistem em ir à aula poucos chegam lá. A forma como o governo Serra tem tratado o tema é de inteiro descaso. Por isso estamos nas ruas no dia de hoje, queremos que o governo e a sociedade saibam que não aceitamos essa situação e que queremos o apoio de todos para mudá-la. Queremos passe livre e educação pública, gratuita e de qualidade”, declarou Thiago Andrade, presidente da Upes ao Vermelho.


 


A lideranças estudantis esperavam reunir mais estudantes do que reuniram nesta quarta-feira. “Nos preparamos para um grande manifestação no dia 22, junto com as demais capitais do país. Porém, por falta de apoio ao transporte dos manifestantes o protesto foi remarcado para hoje (28). Isso teve impacto na nossa mobilização. Mas não vamos desistir. O lobby das empresas de ônibus e o próprio governo, que se nega a discutir o tema, não vão intimidar as mobilizações que seguirão acontecendo”, disse Thiago. 


 


Mobilizações da Ubes reuniram pelo menos 100 mil pelo passe livre


 


Um grupo de jovens, uma companhia de teatro, malas e bagagens nas costas. Foram cinco mil quilômetros rodados em 15 dias. O relato mais parece o de uma trupe circense em viagem pelas estradas. Mas trata-se do ritmo que a “Caravana Ubes em Defesa do Passe Estudantil” tomou em sua primeira fase, levando a cinco capitais do país muita cultura e informação.


 


Um verdadeiro intercâmbio cultural se intensificou entre os passageiros que conviveram cerca de 100 horas a bordo de um ônibus todo estilizado com adesivos e adaptado para agüentar a jornada. Os costumes paranaenses, a ginga nordestina, o sotaque paulista e o jeitinho mineiro deram um tempero especial à atmosfera itinerante. A bordo, estiveram cinco diretores da Ubes, incluindo o presidente, Thiago Franco, e integrantes da Cia. paranaense Teatratividade com uma equipe de documentação.


 


Partindo do Rio de Janeiro no dia 7 de março, o “Ubes-móvel”, pediu passagem e aportou por Belo Horizonte, Curitiba, Salvador e São Paulo, voltando ao Rio no dia 22. Em cada cidade debates em diversas escolas sobre o tema do passe e apresentações teatrais. A primeira fase culminou com as passeatas que reuniram mais de 100 mil estudantes em 19 capitais do país pelo passe.


 


Caravana inédita terá segunda fase


 


 


Segundo a avaliação de Thiago, a primeira fase foi bastante positiva, tendo em vista que levou a discussão ao conhecimento das autoridades e população. “Conseguimos mostrar a milhares de estudantes das diversas cidades visitadas e mobilizadas que o passe livre, além de ser uma necessidade de todos nós, pode ser uma conquista real. Com muita luta e garra vamos conquistá-lo em todo o Brasil”, disse.


 


Thiago acrescenta que, em sua segunda etapa, a caravana deve passar por outras capitais do norte e nordeste, ainda esse ano. “Vamos intensificar o debate. Aprendemos bastante nessa primeira fase, os ajustes serão feitos e estamos preparados para percorrer as demais localidades do Brasil. Creio que a Caravana cumprirá o seu papel e convencerá toda a sociedade brasileira que defender o passe livre é defender o real acesso à educação”, afirmou.