Protesto pró-passe livre é contido à bala no Rio de Janeiro

Cerca de dois mil estudantes tomaram as ruas do Rio de Janeiro nesta quarta-feira (28) em protesto contra decisão judicial, publicada no Diário Oficial do estado na última quinta-feira, que considera o passe livre inconstitucional. A medida do Tribunal de

Depois de bloquearem todas as pistas da Avenida Rio Branco durante mais de uma hora, os estudantes seguiram em passeata para a Rua 1º de Março, que também foi interditada. A multidão se concentrou em frente à Assembléia Legislativa do Estado. Lá haveria um ato político dos estudantes contra a ação da justiça e pela manutenção do direito do passe livre.


 


Confusão entre lideranças estudantis desencadeou descontrole do protesto


 


As lideranças estudantis que coordenaram a manifestação, ligadas ao PSTU, ao PSOL, ao PCR, ao MEP (Movimento Estudantil Popular) e ao MPR (Movimento Popular Revolucionário), iniciaram uma discussão no carro de som. Um microfone foi lançado em meio à discussão sobre os manifestantes. O protesto então perdeu o controle e o Batalhão de Choque começou a disparar balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo em direção à multidão. Estudantes revidaram atirando pedras e objetos que encontraram pelas ruas. Pedestres que passavam pelo local foram atingidos.


 


Um manifestante, que fugia da confusão, denunciou que a atitude da polícia foi precipitada e desnecessária. “Os policiais jogaram bombas a esmo e só começamos a revidar quando fomos atingidos, várias pessoas acabaram passando mal. Nós estávamos apenas reivindicando nossos direitos”, disse o estudante.


 


Uma jovem foi detida, acusada de ter jogado pedras contra o prédio do Tribunal de Justiça. Ela foi levada para a Delegacia de Proteção à Criança e ao  Adolescente. Durante o confronto pelo menos seis pessoas foram feridas, entre elas um policial atingido por uma pedra na cabeça.


 


O comandante do 13º Batalhão da PM, coronel Edson de Almeida, disse que a polícia tentou controlar pacificamente a situação. “A Policia Militar e a Guarda Municipal vinham controlando pacificamente a manifestação, até que alguns vândalos causaram este transtorno”, disse.


 


César Maia diz que estatizará ônibus municipal se justiça manter ação das empresas  


 


Segundo a assessoria de imprensa da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), o objetivo não é acabar com o direito dos estudantes, mas garantir que os custos de suas passagens sejam pagos pelo estado, e não pelas empresas.


 


O prefeito Cesar Maia, no entanto, já anunciou que os custeios estão incluídos nas tarifas e disse que não vê necessidade das empresas de entrarem com recursos à decisão do TJ. César Maia também anunciou que estatizará os ônibus da capital fluminense caso a decisão de acabar com o passe livre permaneça.


 


 


No ano passado, uma decisão semelhante do tribunal beneficiou as empresas que fazem linhas intermunicipais. A Justiça determinou que o governo estadual arcasse com parte dos custos da gratuidade, o que foi feito com isenção de ICMS no valor de 8 milhões de reais para as empresas.


 


“Não queremos saber se Cesar Maia estatizará ou não as linhas de ônibus, o que nos importa é a manutenção do direito histórico ao passe livre. No dia 22 de março mobilizamos mais de 5 mil estudantes na cidade, nos reunimos com deputados na Assembléia Legislativa, em nenhum momento foi divulgado esta ação das empresas. Inclusive a ação é um contra senso, já que ela considera inconstitucional a própria constituição da cidade”, disse o presidente da Associação Municipal dos Estudantes (AMES-RJ), Caio César Bayma.


 


Novas manifestações estão sendo convocadas para esta quinta-feira


 


A AMES-RJ, em conjunto com a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) deverá realizar nesta quinta-feira (29) um ato simbólico com cerca de 400 estudantes em frente ao Tribunal de Justiça contra a sua decisão.


 


“Conquistamos um direito. Perder isso é um retrocesso. Vamos lutar sem tréguas para que a única capital que concede o passe livre aos estudantes continue sendo um exemplo para o Brasil”, argumentou Thiago Franco, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).


 


Para o presidente estadual da União da Juventude Socialista (UJS), Igor Bruno, “o que aconteceu hoje no Rio foi lastimável. A polícia do rio exagerou na mão. Não cumpriu o papel de proteger a manifestação e bateu indiscriminadamente na multidão. Vamos nos somar as manifestações de amanhã e, se for necessário, acamparemos no Tribunal de Justiça até que sua decisão seja revogada”.