Plenária das centrais sindicais aprova ações contra Emenda 3

Trabalhadores de diversas categorias lotaram, nesta quarta-feira (4), a quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo para discutir ações conjuntas contra a Emenda 3, sorrateiramente alocada na proposta da chamada “Super Receita”. Estavam presentes di

A Emenda 3, aprovada pelo Congresso e vetada pelo presidente Lula, impede fiscais do Trabalho e da Previdência de punir as empresas que não cumprirem as leis do trabalho. Para evitar uma Reforma Trabalhista “branca”, as centrais sindicais discutiram uma agenda conjunta de mobilizações, tendo como ponto alto o próximo dia 10 de abril, o Dia Nacional de Mobilização contra a Emenda 3, quando trabalhadores pretendem fazer uma paralisação nacional de algumas horas.


 


Várias ações preparatórias também estão planejadas, como agitações em locais públicos, ocupação de aeroportos para pressionar deputados nos estados de origem e um acampamento em Brasília na semana que vem. A CUT, por exemplo, segundo a fala de seu presidente, Arthur Henrique, já realizou plenárias nos 27 estados da Federação para traçar estratégias de mobilizações locais.


 


Crescimento e trabalho digno


 


João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, destacou a maturidade das Centrais, que deixam as divergências de lado para enfrentarem o desafio comum. “Só com a busca da unidade e a ação comum dos trabalhadores vamos barrar a emenda 3”. Eleno José Bezerra, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, argumentou que “esta é uma luta de todos nós” e prometeu parar 45 das mais importantes fábricas da capital, entre às 5h30 e 9h do dia 10. Segundo o sindicalista, apenas nessa ação, cerca de trinta e cinco mil trabalhadores cruzarão os braços.


 


“Esta poderá ser a maior manifestação de unidade da classe operária depois do Conclat”, entusiasmou-se Ubiraci de Oliveira, o Bira, da Confederação Geral dos Trabalhadores do Brasil. José Calixto Ramos, da Nova Central, destacou que a derrubada do veto presidencial será um desrespeito à vontade popular. “Se o Congresso desrespeitar o veto, estará desrespeitando a sociedade, que reelegeu Lula com mais de vinte milhões de votos de diferença”, argumentou.


 


Em processo de unificação, a Confederação Geral dos Trabalhadores, a Central Autônoma dos Trabalhadores e a Social Democracia Sindical, foram representadas por Salim Reis. O sindicalista reforçou a necessidade de ganhar a adesão de todos os setores na paralisação de terça feira. “Vai faltar energia em algumas casas, porque os companheiros da Eletropaulo vão parar”, disse, garantindo o apoio dos eletricitários. “Buscamos o crescimento, mas também o trabalho digno”, arrematou Salim.


 


De olho na Previdência e no direito de greve


 


“As palavras de ordem são unidade e mobilização”. Este é o destaque de Arthur Henrique, presidente da CUT. Para ele, a unidade do movimento sindical já foi demonstrada outras vezes, como na Marcha do Salário Mínimo e na realização, com participação de todas as centrais, do seminário “Jornada pelo desenvolvimento, com distribuição de renda e valorização do trabalho”, que visa apresentar uma agenda para o país do ponto vista dos trabalhadores.


 


Wagner Gomes, vice-presidente da CUT, salientou que a luta é mais ampla do que a manutenção do veto presidencial à emenda 3. “A CUT não aceita a retirada de nenhum direito dos aposentados. Não aceitamos mudanças na Previdência, nem para o passado, para o presente ou para o futuro”, sustenta Wagner, em alusão a possíveis tentativas de uma segunda reforma previdenciária. “A CUT é pelo direito de greve, contra a retirada de direitos na Previdência e contra a emenda 3”.


 


Fernando Borgonovi, pelo Vermelho-SP


 


Foto: Dino Santos