Irã prepara-se para instalar 50 mil centrífugas em usina nuclear

Aghazadeh assegurou que o objetivo do país “não é apenas a instalação de três mil centrífugas” em Natanz, e ressaltou que já “planejaram tudo para instalar 50 mil”.

 

O presidente Mahmud Ahmadinejad anunciou na segunda-feira (9) que seu país tinha conseguido produzir combustível nuclear em nível industrial, o que necessitaria de pelo menos três mil centrífugas em funcionamento.

 

Por sua parte, o principal negociador nuclear iraniano, Ali Larijani, confirmou que seus cientistas tinham injetado gás hexafluorido de urânio (UF6) em três mil centrífugas, instaladas no subsolo da central de Natanz, em 18 cascatas de 164 unidades cada.

 

Com 50 mil centrífugas em funcionamento, o que, segundo os analistas, requereria ainda entre um e dois anos, o Irã poderia produzir combustível nuclear suficiente para suas centrais atômicas de produção de eletricidade, mas também para fabricar ogivas nucleares para seus mísseis.

 

O Irã já havia afirmado no ano passado que tinha previsto instalar 50 mil centrífugas em Natanz, mas o anúncio desta terça-feira confirma sua determinação de prosseguir com seu programa nuclear, apesar das diferentes resoluções do Conselho de Segurança da ONU pedindo a suspensão do enriquecimento de urânio.

 

Rússia questiona programa

 

“Consideramos seriamente o anúncio de que o Irã começou a produzir urânio enriquecido em escala industrial. Mas, ao mesmo tempo, não temos notícia de nenhum avanço tecnológico recente no programa nuclear do país que possa mudar a natureza do trabalho de enriquecimento de urânio que o país leva a cabo”, comentou um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia hoje, após a declaração de Aghazadeh.

 

AIEA mantém silêncio

 

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) recusou-se hoje em Viena de fazer qualquer pronunciamento em relação ao progresso nuclear anunciado em Teerã pelo presidente Ahmadinejad.

 

Um porta-voz da AIEA disse que os especialistas do organismo não podem pronunciar-se sobre o assunto “pelo motivo de ser um assunto confidencial. Estamos à espera de instruções”, afirmou o funcionário, sem dar mais detalhes.

 

Outra fonte ligada à AIEA indicou que é “improvável” que o Irã possa produzir urânio enriquecido em níveis industriais, tal como o anunciado ontem em Natanz por Ahmadinejad, no local onde estão as principais usinas de enriquecimento do Irã.