Chávez ataca etanol e Bush, mas isenta política brasileira

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, voltou a investir contra o plano dos EUA e de seu presidente, George W.Bush, de incentivar a produção de álcool como combustível alternativo aos derivados de petróleo. Na mesma ocasião, Chávez garantiu que n

A declaração do presidente venezuelano ocorreu durante um ato oficial na noite da última terça-feira (10), transmitido pela TV. Chávez prometeu derrubar o acordo americano-brasileiro para o desenvolvimento da produção de álcool combustível, mas negou que essa posição afetará as relações que a Venezuela tem com o Brasil. ''Assim como derrubamos a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), vamos derrubar o plano do álcool'', afirmou.


 


''Há toda uma estratégia (dos EUA) para que briguemos em torno deste tema: jamais brigaremos com Lula, jamais brigaremos com o Brasil. Nosso inimigo é o império norte-americano'', enfatizou Chávez.


 


O presidente venezuelano lembrou que seu país sempre incentivou e reconheceu os avanços tecnológicos do Brasil e, portanto, não faria sentido qualquer tipo de conflito nesse sentido. ''Os progressos brasileiros são positivos, sobretudo porque quando esse biocombustível é produzido a partir da cana-de-açúcar, nos permite substituir um dos elementos mais poluentes da gasolina, que é o derivado de chumbo'', disse.



Outra crítica
Para Chávez, Washington deveria aumentar a produção de milho e cana-de-açúcar para produzir alimentos para a humanidade, e não para ''alimentar automóveis''. ''A proposta de Lula é séria, nós a discutimos várias vezes, pois ela busca substituir aditivos da gasolina por etanol'', explicou.


 



No mês passado, em visita ao Brasil, George W. Bush assinou com o presidente Lula  um protocolo de intenções para promover a produção e o uso internacional do álcool como combustível. Enquanto o Brasil fabrica o álcool a partir da cana, os EUA o fazem a partir do milho.



Desde então a idéia da promoção desse biocombustível tem sido fonte de polêmica. Entre os ataques mais vigorosos que recebeu estão os de Fidel Castro, que afirma que o uso de alimentos para produzir combustível criará um desequilíbrio no mercado mundial de alimentos que provocará um ''genocídio'' dos mais pobres.



Num tom menos crítico, artigo de dois economistas americanos na revista ''Foreign Affairs'' afirma que a produção do álcool a partir do milho em grande escala fará aumentar o preço de produtos alimentícios.



Cartel do álcool
Lembrando que na próxima semana a Venezuela abrigará a 1ª Cúpula Energética Sul-Americana, Chávez acusou Bush de querer jogar o Brasil contra o seu país ao tentar promover um ''cartel do álcool'' para dividir a região. Na cúpula, Lula defenderá a ampliação do uso do álcool como combustível.



''A América Latina não deve se preocupar (…), pois todo o petróleo e combustível de que precisa está aqui na Venezuela'', disse Chávez. O presidente venezuelano afirmou também que quer incentivar o uso do gás natural na região, como alternativa ao etanol.