Depois de 11 anos, IBGE realiza censo agropecuário no País

Depois de 11 anos, o país voltará a ter um retrato do campo brasileiro. Na segunda-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) colocará em campo 68 mil pesquisadores para fazer o censo agropecuário em seis milhões de estabelecimentos a


No total, serão gastos R$ 560 milhões com as pesquisas, mas o dinheiro não foi suficiente para incluir todos os municípios na recontagem, obrigando o IBGE a deixar de fora do levantamento as cidades com mais de 170 mil habitantes, menos sensíveis às mudanças migratórias.



A última fotografia do Brasil rural foi tirada em 1996. Ela mostrava que o perfil de utilização da terra no Brasil era altamente concentrado: 11% dos estabelecimentos respondiam por 81% da terra utilizada na produção agrícola. Na avaliação de Antonio Florido, gerente do IBGE, esta situação não deve ter sofrido grandes mudanças, mas ele acredita que o censo vai mostrar se a situação dos pequenos agricultores melhorou a partir da nova agricultura familiar implantada pelo Pronaf há dez anos.



Outra questão importante a ser confirmada pelas duas pesquisas é se houve uma desaceleração no êxodo rural. Os últimos dados de emprego no campo revelam que, a partir de 2004, começou a haver um novo crescimento da mão-de-obra empregada nas atividades agrícolas. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), do IBGE, em 1996, último censo agropecuário, 17,9 milhões de pessoas estavam ocupadas no campo. Esse número, que já alcançou 23 milhões de pessoas no censo agropecuário de 1985, caiu para 16,8 milhões em 2000. Em 2005, o total de trabalhadores rurais já chegava a 17,8 milhões, invertendo a tendência de queda.



A expansão da nova fronteira agrícola, que está entrando pela região norte, também será alvo do censo agropecuário. A nova fronteira está entrando pelo Sul do Maranhão e do Pará com a pecuária. No último censo, apresentava pouco movimento. As pesquisas anuais de pecuária, do IBGE, começaram a revelar uma penetração maior no Sul do Pará. Em São Felix do Xingu, por exemplo, no censo passado havia 700 mil cabeças de gado, e agora são 5 milhões. Segundo Florido, essa expansão equivale a um desmatamento de 3 milhões de hectares, já que cada animal precisa de um hectare de pastagem. “É como se você desmatasse o Estado do Rio e do Espírito Santo inteiros.”



A recontagem da população é usada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para pagar o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Marco Antonio Alexandre, responsável pela pesquisa, destaca que o fato do IBGE ter excluído as cidades acima de 170 mil habitantes do levantamento não vai prejudicar o trabalho, porque o FPM trabalha com intervalos de população e a última faixa de limite superior é de 156 mil habitantes.