Coréia do Sul revela preocupação após massacre nos EUA
O massacre na universidade americana Virgina Tech, na segunda-feira (16) cometido por um sul-coreano que migrara para os EUA em 1992, fez com que os sul-coreanos temessem represálias por parte dos americanos, como as que ocorreram contra imigrantes árabes
Publicado 18/04/2007 12:02
As autoridades sul-coreanas querem evitar que o fato gere animosidade contra os cidadãos do país residentes nos Estados Unidos.
Segundo as autoridades americanas, Cho Seung-hui, estudante sul-coreano de 23 anos, foi o responsável pelas mortes de 32 pessoas antes de se suicidar, na segunda-feira, na universidade Virginia Tech, que acolhe 500 alunos do país asiático.
Profundo pesar
O presidente sul-coreano, Roh Moo-hyun, demonstrou nesta quarta-feira (18) seu mais “profundo pesar” pelo massacre e deu os pêsames aos feridos e às famílias das vítimas.
“Eu e toda a Coréia do Sul ficamos muito chocados pelo trágico incidente na Universidade Virginia Tech”, disse a repórteres que o acompanhavam em um encontro com o primeiro-ministro italiano Romano Prodi.
Roh também encontrou na quarta-feira (18) com auxiliares e com o ministro de Relações Exteriores, Song Min-soon, para discutir medidas a tomar com o que vier a acontecer que esteja ligado ao massacre.
Em nome do povo da Coréia do Sul, Roh enviou condolências às famílias das vítimas. “Sentimos um profundo pesar”, disse.
Alerta para sul-coreanos
Além de enviar para a universidade o embaixador sul-coreano em Washington, Lee Tae-shik, e três cônsules, o Ministério de Exteriores alertou todas as legações sul-coreanas nos Estados Unidos para garantir a segurança de seus cidadãos.
Todas as forças políticas sul-coreanas pediram ao governo que adote medidas para que a tragédia não provoque problemas diplomáticos entre os dois países.
A polícia americana, que ainda não esclareceu o motivo do ataque, disse que Cho Seung-Hui era “uma pessoa solitária”.
Consternação
Na Coréia do Sul os cidadãos receberam a notícia com consternação depois que o autor do massacre foi identificado como sul-coreano.
“Fiquei sem fala quando me inteirei do fato e quero expressar meus pêsames às vítimas e a suas famílias”, afirmou hoje Kim Se-hee, um estudante de 21 anos.
“Temo, no entanto, que o incidente prejudique os sul-coreanos pelo fato de que o assassino era do país”, acrescentou o estudante de Seul.
Lee Hwa-yong, de 22 anos, se mostrou preocupada com a segurança dos sul-coreanos residentes nos EUA e com a possibilidade de o incidente se transformar em um problema político entre os dois países.
“O que mais me preocupa é a segurança dos sul-coreanos, embora se trate de um fato isolado e que não deveria gerar preconceitos contra eles”, afirmou Lee.
A auditora Ri Hyun-jung, de 38 anos, disse que o massacre “deveria ser focado no problema do controle de armas nos Estados Unidos” e que “não deveria gerar conflitos raciais”.
Em entrevista divulgada na edição de hoje do jornal sul-coreano “Choson Ilbo”, Lim Bong-ae, de 67 anos e ex-dona de um edifício em Seul onde a família de Cho viveu antes de emigrar aos EUA, em 1992, disse que lembrava do jovem como um menino “muito caladão e tranqüilo”.
Lim, que confessou ter ficado muito chocada com o ocorrido, disse que a família vivia na pobreza e que o pai teria dito que iria para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor e porque lá ninguém o conhecia.
Massacre semelhante
A Coréia do Sul passou por um dos piores massacres realizados por um único homem nos tempos modernos. Em 1982, um policial fora de serviço e embriagado atacou aldeias com fuzis e granadas de mão, matando 57 pessoas e ferindo 38 antes de se matar.
A mídia local disse que grupos sul-coreanos nos EUA pretendem organizar um “fundo Virginia Tech” para dar ajuda às famílias afetadas.
O embaixador de Seul nos EUA pediu para os fiéis de uma igreja coreana da região de Washington jejuarem em penitência, disse a mídia.
Cerca de 100.000 sul-coreanos estudam nos EUA, formando a maior comunidade de estudantes estrangeiros no país. Os EUA também têm uma grande comunidade étnica coreana.
“Depois do 11 de setembro os americanos têm maus sentimentos em relação a povos do Oriente Médio. Só tenho medo que este incidente afete os estudantes sul-coreanos nos EUA”, disse Chang Jung-in, 35 anos, em uma rua de Seul.