Lula chama desenvolvimentista Luciano Coutinho para o BNDES

O economista Luciano Coutinho substituirá Demian Fiocca na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), informou nesta quarta-feira (17) uma fonte do Palácio do Planalto, citada pela agência Reuters. Caso se confirme, a esc

''Coutinho é considerado um economista desenvolvimentista, assim como o ministro da Fazenda, Guido Mantega'', comenta a Reuters. E informa que o presidente reuniu-se com Coutinho e com o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, para formalizar o convite.



O nome dele já vinha sendo citado como uma opção de Lula para o comando do BNDES, que é vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No extremo oposto da oposição desenvolvimentistas x neoliberais, apareciam nomes como o do diretor do banco espanhol Santander, Gustavo Adolfo Funcia Murgel.



Um dos principais cargos da República



Com um orçamento de R$ 60,8 bilhões no ano passado, o BNDES é uma peça-chave em um projeto nacional de desenvolvimento. Sua presidência é vista como um dos principais cargos da República.



No primeiro governo Lula, a presidência do Banco foi confiada inicialmente a Carlos Lessa, intelectual nacionalista ligado ao PMDB, que trabalhou para recuperar o papel do órgão como um banco de fomento, descaracterizado nas gestões anteriores. Lessa, sob fogo cerrado da mídia conservadora, caíu dois anos depois.



No entanto, Lula não acatou a íntegra do plano expansionista orquestrado pelos ortodoxos de seu governo, na época tendo à frente o ministro Antonio Palocci (Fazenda). Deslocou para o BNDES o então ministro do Planejamento, Mantega, que comentou a mudança como ''uma promoção'', o que dá uma idéia do poder de fogo do cargo. Quando Mantega substituiu Palocci, no ano passado, deixou no Banco o economista Demian Fiocca, alinhado com sua linha de pensamento. Agora, a escolha de Coutinho empresta ao BNDES maior visibilidade intelectual e engajamento desenvolvimentista.



Quem é Luciano Coutinho



Coutinho, que já foi secretário-executivo do Ministério de Ciência e Tecnologia, é sócio-diretor da LCA Consultores. Professor da Universidade de Campinas (Unicamp), Coutinho, de 54 anos, é Ph.D em Economia pela Universidade de Cornell, com uma tese sobre a internacionalização do capital dos oligopólios.



Especialista em economia industrial e internacional, ele coordenou avaliações sobre a competitividade da indústria brasileira. É autor, organizador ou colaborador em pelo menos 26 livros, a maioria deles tratando de competitividade. Tem sido interlocutor freqüente do presidente, defendendo propostas como a redução da carga tributária como uma necessidade da reaceleração do desenvolvimento nas circunstâncias do Brasil atual. Sua indicação reanima o debate sobre a adoção de uma política industrial avançada por parte do segundo governo Lula.