Mangabeira aceita convite de Lula para nova secretaria

O acadêmico Roberto Mangabeira Unger aceitou nesta sexta-feira (20) convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir um cargo com status de ministro no governo. Mangabeira foi convidado para dirigir a futura Secretaria de Ações de Longo Prazo,

por Cláudio Gonzalez


 


O acadêmico Roberto Mangabeira Unger aceitou nesta sexta-feira (20) o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para chefiar a Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo.


 


Apesar disso, o convite não foi oficializado por depender de uma conversa com a direção do PRB.
 


A nova secretaria seria responsável pelo planejamento e pela manutenção de programas do governo até 2022, quando o Brasil completa 200 anos da Independência.


 


Esta será a segunda secretaria com status de ministério criada por Lula no segundo mandato. A primeira foi a Secretaria de Comunicação Social, comandada pelo jornalista Franklin Martins. Além das duas, também está em fase de finalização a Secretaria dos Portos, a ser entregue a Pedro Brito (PSB).


 


Mangabeira é fundador e vice-presidente do Partido Republicano Brasileiro (PRB), o mesmo do vice-presidente da República, José Alencar. Ele também coordenou o programa de governo do então candidato à Presidência Ciro Gomes, em 2002.


 


No meio acadêmico, ele é considerado um “teorista social”. Formou-se em Direito no Rio de Janeiro e continuou seus estudos nos Estados Unidos da América, na Universidade de Harvard, onde leciona desde o início da década de 1970 e onde adquiriu um inconfundível e carregado sotaque que faz com que ele seja muitas vezes tido como estrangeiro. Sobre a crítica que fazem por ele falar com sotaque, Mangabeira costuma responder: “apenas falo com sotaque, mas não penso com sotaque”.


 


O convite para que Mangabeira Unger entrasse no governo foi uma iniciativa do próprio presidente Lula, mas causou estranhamento entre os petistas, que nunca aceitaram o filósofo como aliado.


 


Uma das principais críticas feita ao professor Mangabeira é sobre seu estreito relacionamento com o banqueiro Daniel Dantas, para o qual já trabalhou. “Dantas e Unger têm uma amizade antiga, desde os tempos em que os dois eram baianos.”, brincou o jornalista Paulo Henrique Amorim em ácido comentário publicado no site Conversa Afiada. (clique aqui para ler)



 
Mangabeira não só é alvo de críticas de integrantes do governo, como também já teceu críticas severas ao governo Lula, chegando, inclusive, a propor o impeachment do presidente. “Afirmo que o governo Lula fraudou a vontade dos brasileiros ao radicalizar o projeto que foi eleito para substituir, ameaçando a democracia com o veneno do cinismo. Ao transformar o Brasil no país continental em desenvolvimento que menos cresce, esse projeto impôs mediocridade aos que querem pujança.”, afirmou Mangabeira em artigo publicado na Folha de S. Paulo em novembro de 2005, no auge da chamada crise do “mensalão”. Foi nesta época também que Mangabeira Unger lançou-se como pré-candidato do PDT à presidência da República, o que, de certa forma, explica a contundência das críticas que fazia ao governo.


 


Mas com o advento da campanha eleitoral em 2006, Mangabeira acabou se alinhando com a base do governo.


 


Nesta sexta-feira, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, minimizou o convite do presidente Lula a Mangabeira. Para Berzoini, o PT não tem que se preocupar com o fato de Unger ter sido um ferrenho crítico do governo no passado. “O PT não está nem mais feliz nem mais triste. O presidente deve ter seus critérios para fazer essa nomeação. Ele (Unger) é do partido do vice-presidente da República (José Alencar)”, afirmou Berzoini, que completou: “Se (Mangabeira) aceitou “é porque fez uma auto-crítica”, disse.