Tucanos desconfortáveis com audiência Tasso-Lula
O site do PSDB expunha na internet, nesta sexta-feira (20), o desconforto com o convite feito por Lula ao presidente da legenda, senador Tasso Jereissati (CE), e aceito. A Agência Tucana noticiava o encontro sob o título Tasso garante que PSD
Publicado 20/04/2007 14:54
Do alto dos votos de outubro e dos índices de aprovação de abril, da coalizão governista de 11 partidos e da maioria parlamentar (espaçosa na Câmara, apertada no Senado) que esta lhe assegura, Lula se considera no seu melhor momento em 52 meses de governo. Aproveita para tirar partido da fragilização e da divisão nas oposições, com iniciativas como o convite de ontem a Tasso, e anteriormente ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e ao governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
“A legenda não vai recuar nenhum milímetro”
Tasso Jereissati não pisava no Palácio do Planalto desde que este era ocupado por seu correligionário Fernando Henrique Cardoso. Em uma reunião com Diretórios Estaduais tucanos, informou que recebera um telefonema do presidente Lula fazendo o convite, e aceitara.
“Achei de bom alvitre aceitar o convite, como gesto de civilidade e polidez democrática”, afirmou. “No entanto, não significa nenhum tipo de aproximação política-eleitoral. Significa a nossa vocação de estarmos sempre abertos ao diálogo”, ressalvou. A senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), líder do Governo no Congresso, participou da intermediação do convite.
A notícia da Agência Tucana que tem destaque no site (http://www.psdb.org.br) não cita esta passagem, mas outras declarações do presidente partidário. “Tasso Jereissati (CE), garantiu que a legenda 'não vai recuar nenhum milímetro' na defesa de seus interesses no Congresso. O tucano também assegurou que o partido se manterá na oposição até o final da gestão petista. 'Toda oposição que tiver que ser feita, será feita. Qualquer mudança nesse sentido seria traição ao eleitor', disse.”
“O encontro demonstra um momento de maturidade na democracia do país. A relação civilizada e de diálogo entre oposição e governo não deveria ser motivo de surpresas. Fazer oposição não é xingar, gritar, ameaçar. É estar contra no momento certo”, afirmou o tucano.
Conforme outras agências, Tasso informou também que Lula, ao fim da conversa, disse-lhe que “compreende e respeita nossa posição de instalar a CPI (dos Aeroportos)”. Roseana, e o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, do PTB, participaram de parte da audiência. Em outra parte, Lula e Tasso conversaram a sós.
Jarbas denuncia “estratégia de cooptar a todos”
Na mesma tarde o oposicionista Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) subiu à tribuna do Senado para a “estratégia clara e determinada do presidente da República de se tornar unanimidade, de cooptar a todos”.
O encontro inédito coincide com as especulações, na mídia, sobre o desejo de Lula de eliminar o instituto da reeleição, criado para permitir a permanência de FHC no Planalto por oito anos.
“Lula deu um nó nos tucanos”
Denise Rothenburg, na coluna Brasília-DF do Correio Brasiliense desta sexta-feira (20), diz que “quem acompanhou com uma lupa os movimentos do governo e seus reflexos na oposição percebeu que o presidente Lula, consciente disso ou não, deu um nó nos tucanos, que terminam esta semana com a rede de intrigas repleta”.
E prossegue a colunista: “Primeiro foi a turma do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que quase surtou ao ver todo mundo discutindo o fim da reeleição e deixando a pecha de casuísmo àqueles que defenderam a emenda no passado. Alguns tucanos viram nisso uma forma de tentar enfraquecer Fernando Henrique do papel de árbitro da disputa interna pela candidatura presidencial. Em segundo lugar, o convite ao presidente tucano, Tasso Jereissati, para a conversa ontem no Palácio do Planalto. Embora Tasso diga que nunca mudou e que seja a favor da reeleição, muitos tucanos ficaram cabreiros com o encontro. 'Se eu fosse presidente, só iria com agenda previamente acertada', comentou o deputado João Almeida (PSDB-BA).
Da redação, com agências