Lula pretende ''conversar muito mais'' com oposicionistas
Para aprovar no Congresso o PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento) e outras iniciativas do Executivo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai ''conversar muito mais daqui para a frente'' com personalidades da oposição, conforme afirmou no programa
Publicado 23/04/2007 10:40
Apresentador: Olá, você, em todo o Brasil. Começa o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Eu sou Luiz Fara Monteiro. Bom dia, presidente
Lula: Bom dia, Luiz
Apresentador: Presidente, com os aliados o senhor já fez a composição do governo. Agora, o senhor conversa com a oposição. Já visitou o senador Antônio Carlos Magalhães quando ele estava hospitalizado em São Paulo, já o recebeu no Palácio do Planalto. E, na última semana, o senhor conversou também com o presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati. O governo vai continuar conversando com a oposição
Lula: Luiz, primeiro, é importante que os nossos ouvintes compreendam que o Brasil vive uma nova fase. Eu penso que as coisas estão muito bem na área econômica. Acho que o Brasil vai crescer de forma robusta em 2007, 2008, 2009 e 2010. A inflação está controlada. Nós lançamos o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que é para poder fazer o Brasil dar sustentabilidade ao seu crescimento. Fizemos os acordos com a base aliada e montamos o governo. E agora nós temos que conversar com a oposição.
E por que nós temos que conversar com a oposição? Primeiro, porque eu acho que nós precisamos dar exemplos de uma pátria civilizada, em que o presidente da República tem que ser uma espécie de magistrado e ele não pode ficar apenas governando com os seus, sem lembrar que é sempre importante a gente ouvir aqueles que pensam diferentemente de nós. Eu estou convencido de que quando o presidente da República não tem mais no seu horizonte a disputa presidencial, fica muito mais fácil, fica muito mais leve a gente governar o país. Por que? Porque eu não tenho mais o que disputar em 2010. Eu tenho apenas que deixar o Brasil em 2010 infinitamente melhor do que o Brasil que eu recebi.
Isso é que me dá liberdade de procurar todos os setores da sociedade para conversar. E vou conversar muito mais daqui para a frente. Veja, não havia por que não conversar com o Tasso Jereissati, de quem eu sempre tive uma boa relação, que ficou truncada no primeiro mandato. Coube a mim, como presidente da República, chamar o Tasso para uma conversa.
Apresentador: Foi produtiva essa conversa?
Lula: Sim, foi muito produtiva. Veja, quando eu converso com o Tasso, converso com o senador Antônio Carlos Magalhães, eu converso com eles sabendo que eles são oposição, sabendo o que eles pensam, sabendo qual é a definição do partido deles, que pode ter candidato em 2010. Mas eu não tenho que pensar em eleição em 2010. Eu tenho que pensar em cuidar deste país como se estivesse cuidando do meu filho, ou seja, eu tenho que cuidar porque o Brasil precisa ser cuidado com muito carinho.
Nós precisamos fazer o Brasil dar um salto de qualidade, nós precisamos fazer o Brasil melhorar as coisas para o seu povo. E esse compromisso eu quero partilhar com eles também. Então, Luiz, nós vamos conversar e vamos conversar com mais gente, ou seja, eu penso que o Brasil está com a sua democracia consolidada. As instituições estão funcionando muito bem, os partidos políticos precisam funcionar cada vez melhor. Há uma questão de credibilidade política no país que é preciso que todos trabalhemos para reconquistar a credibilidade política nas instituições, sobretudo nos partidos políticos. E eu quero dar a minha contribuição.
Apresentador: Esse é o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. E como é que o senhor vê esse debate todo em relação à reeleição, neste momento, presidente?
Lula: Eu acredito que a tese da reeleição ela tem que estar ligada à reforma político-partidária. É preciso que os partidos políticos assumam a responsabilidade de fazer a reforma política no Brasil. E dentro da reforma política, Luiz, vai entrar a questão da reeleição. Todo mundo sabe o que eu pensava em 2006. Eu sempre fui contra a reeleição. Acontece que tem o instituto da reeleição, e eu sou um presidente reeleito, portanto, eu não possa agora dar palpite na reforma política no que diz respeito à reeleição. Não me peçam opinião que eu não vou dar. Esse é um problema dos partidos políticos, é um problema do Congresso Nacional. Então, eu quero que os partidos resolvam isso, que aqueles que são candidatos em 2010 resolvam isso. E eu estarei torcendo para que o Brasil aprove o que for melhor para o povo brasileiro.
Apresentador: O senhor se aproximou bastante, por exemplo, do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e tem recebido também o governador José Serra, de São Paulo. Que leitura pode ser feita desse diálogo?
Lula: A leitura de que o Brasil é um país civilizado. Eu sei que tem governadores que pertencem a partidos de oposição, mas na hora de discutir a questão administrativa não existe oposição e situação. O que existe, na verdade, são interesses de milhões de brasileiros e brasileiras que nós precisamos cuidar conjuntamente.
Apresentador: Mas, mesmo com o diálogo, não significa que a luta política tenha acabado…
Lula: Não, a luta política não vai acabar nunca. O que é importante é que a gente consiga fazer uma separação, o que é a luta política e o que é a necessidade do país. Eu, por exemplo, acho que os projetos que nós mandamos do PAC, agora os projetos que nós vamos mandar da educação, mais logo, logo, mandar projeto de saúde, depois, mandar projeto de segurança pública – todos são projetos de interesse de 190 milhões de brasileiros. Não é nenhum projeto de interesse pessoal do presidente da República. E, nesse aspecto, é que eu acho que posso contar com o Congresso Nacional. Vai ter o debate político, discursos mais fervorosos, mas na hora de votar as pessoas vão ter que escolher entre melhorar o Brasil ou piorar o Brasil. Certamente, todo mundo quer melhorar o Brasil.
Apresentador: OK, presidente. Obrigado e até semana que vem.
Lula: Obrigado a você, Luiz. E até a próxima semana.
Apresentador: A gente volta segunda-feira com mais uma edição do Café com o Presidente. Acesse o programa também na internet em www.radiobras.gov.br .
Fonte: www.radiobras.gov.br