Volta às Origens

Deputada Perpétua Almeida do PcdoB, é a primeira deputada federal no exercício do mandato a visitar comunidades ribeirinhas do Rio Muru.Durante 3 dias a deputada Perpétua Almeida percorreu o rio Muru, interior de Taruacá.
Foram horas de barco, pega

Nesta volta ao passado, a hábitos que tinha  quando morava no seringal em Porto Walter, a deputada se reuniu com 9 comunidades, e fez 4 visitas isoladas.
Viu de perto as necessidades e a resistência de um povo, que apesar dos problemas que enfrenta não perde a esperança, nem foge da luta.
“São tantos os problemas, que me senti pequena demais para ajudar, mas quando vi a resistência de vocês e a vontade que têm de vencer, me senti fortalecida. Vocês me deram força para lutar”, disse a deputada na reunião, na qual os líderes da comunidade expuseram os problemas.


 


Reunião que aconteceu à noite, na escola Esternia Pergentino, na comunidade do Semeado, há 4 horas de barco de Tarauacá. E que juntou mais de 150 pessoas.
Entre as reclamações salientam-se os problemas de saúde. Segundo os ribeirinhos, existem postos e agentes de saúde, mas os postos estão vazios, não possuem sequer um anti-térmico, ou analgésico.
Eles contam que recentemente após um acidente, o agente de saúde precisou costurar, com agulha e linha de costura, sem assepsia, e sem qualquer anestesia, o abdômen de um seringueiro, porque não havia como estancar a hemorragia.
Barcos para transportar os doentes, só os emprestados por algum proprietário. E, quando chegam à Tarauacá com o doente, ainda enfrentam a burocracia do hospital e quase sempre voltam sem atendimento.


 


A falta de transporte para a produção é outro problema que aflige as comunidades.
Ao longo do Rio Muru, estão espalhadas diversas casas de farinha com toda a infra-estrutura necessária, o problema não é a produção, é a venda, afirmou a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tarauacá, Maria Inês, que acompanhou a reunião.


 


Visita aos ribeirinhos


 


Seringueiros e ribeirinhos, produzem farinha, goma de tapioca, macaxeira, jerimun, mamão, banana, arroz, limão e laranja, entre outros. Quando vão à cidade vender, para poder comprar o que não produzem, como diesel para as lamparinas e motores, açúcar e café, permanecem durante dias, segundo eles às vezes até um mês, tentando vender a produção. Quando finalmente conseguem, os gastos com a estadia já ultrapassaram o resultado das vendas, e assim, acabam voltando para a mata sem nada. Nem o produto que foram vender, nem o que pretendiam comprar.
A saída para nós seria se a prefeitura ou o estado comprassem a produção. Mesmo porque com ela poderiam abastecer as escolas rurais com merenda escolar de qualidade, além de garantir renda para o pequeno produtor. A merenda escolar que chega nas escolas da zona rural é charque estragado e bolacha, disse o produtor Hipólito Couto. Cujas palavras foram confirmadas pelos professores das escolas, entre elas o da escola da comunidade do Cardoso.


 


Para os ribeirinhos, o que amenizou a situação foram os 11 barcos, adquiridos graças a uma emenda da deputada Perpétua Almeida, mas que ainda não suficientes para atender a demanda.
Se os deputados, pelo menos os ligados à Tarauacá, colocassem emendas garantindo o transporte da produção, que também poderia ser utilizado para transportar os doentes, já estaria de bom tamanho, mas a senhora foi a única deputada que além de conseguir barcos para nós, apareceu aqui, sem ser em época de campanha, para pedir voto, disse Silon Silva, da comunidade da Lancha.
A declaração de Silon, surpreendeu a comitiva e entristeceu a deputada, por mostrar a crueza do abandono em que vivem estas populações no interior do Acre.
Se estou em Brasília para representar vocês, como vou representar se não souber das dificuldades  que passam. E como vou saber se não ouvi-los? Essas dificuldades só são lembradas quando são vistas, e isso só acontece quando a gente se desloca para estes lugares, por mais distantes e inacessíveis que sejam. O Acre é cada pedacinho deste chão e cada um desses habitantes. Foi para isso que as pessoas confiaram e me elegeram. E eu, estou à disposição para fazer o trabalho disse a deputada.