França: debate na TV foi acirrado mas terminou empatado

Os candidatos à presidência da França, o direitista Nicolas Sarkozy e a socialista Ségolène Royal, mantiveram-se igualados, segundo os analistas, no debate transmitido por cadeia de TV francesa na noite de quarta-feira (2). A audiência foi estimada em mai

Após as quase três horas de debate, foram reveladas algumas pesquisas que atribuíram uma média de 53% das intenções de voto para Sarkozy e 46% para Ségolène.



Uma pesquisa do Instituto Opinionway publicada nesta quinta-feira (3) afirma que 53% dos entrevistados acharam que o candidato de direita foi mais convincente e 31% acreditam que a socialista foi melhor. 16% por cento não se decidiram por nenhum dos dois.



Este debate foi provavelmente a última chance que Ségolène teve de dar uma virada nas pesquisas. No debate, os dois candidatos se empenharam em trocar os papéis que desempenharam durante toda a campanha, ele sempre mais agressivo e ela mais acanhada, e os observadores destacaram uma surpreendente agressividade de Ségolène diante da calma aparente de Sarkozy.



“Uma Ségolène enfática e um Sarkozy comedido”, foi a manchete do direitista Le Figaro, para o qual “se pode dizer que ambas as partes cumpriram sua missão” de apagar seus estereótipos.



“Nicolas Sarkozy não perdeu. Mas Ségolène Royal ganhou”, destaca o jornal de esquerda Libération, que na primeira página elogiou a atitude “combativa” de Ségolène.



“Os 'sarkozistas' vão dizer que Sarkozy é de longe o vencedor e vice-versa”, observou o analista político Thierry Vedel.



Para o especialista Philippe Braud, Ségolène “não podia se mostrar incompetente” e Sarkozy não podia perder as estribeiras”, e “cada qual conseguiu o que queria”.



Já segundo Fausto Triana, correspondente da agência Prensa Latina em Paris, Ségolène e Sarkozy fizeram um debate que pode não ter decidido a eleição, mas que será lembrado por “várias frases que ficarão gravadas para a História”.



Em seu texto, Triana exibe trechos de diálogos que demonstram a acidez do debate: “Você é o supra-sumo da imoralidade política, disse a irritada Ségolène a Sarkozy, que depois atenuou a frase ao assinalar que via diante de si uma representação da imoralidade do discurso público”.



Em seguida, Sarkozy tentou irritar a candidata do partido socialista, com frases de efeito ou sarcasmos. “Madame, você perdeu os nervos, perdeu seu sangue frio”. Para ser presidente da França é preciso ter calma”, ironizava o direitista.



“Não perdi os nervos nem estou de cabeça quente. Estou cansada e cansada de muitas coisas”, respondeu taxativamente Ségolène, irritada pela atitude do atual governo de direita, que suprimiu o auxílio a menores carentes.



“A esquerda sempre desqualifica quem não compartilha de seus critérios, me sinto realmente ferido”, declarou dramaticamente Sarkozy. A resposta de Ségolène veio com um sorriso: “Está ferido! é muito bom saber que está ferido”.


 


“Respondo por meus atos como titular da pasta do Interior, mas não fui o governo inteiro”, tentou defender-se o candidato da direita, diante da enxurrada de queixas que se acumularam contra a administração que chega ao fim.


 


“Ah, e onde você estava quando aumentou a inflação, a miséria, o desemprego, os sem-teto e o quando o país foi tratado com violência?” inquiriu a candidata socialista, relembrando ao postulante da presidência que ele também havia ocupado o cargo de ministro da Economia.