Jovens católicos e gays enviam carta ao papa

“Provar a legitimidade moral das relações homossexuais e solicitar medidas no sentido de acolher e respeitar as pessoas, sem distinção de orientação sexual”. Essas são as principais reivindicações da carta enviada pela Confraria de Jesus Adolescente à sec

“Queremos que a Igreja aceite uma união homoafetiva legítima, fraterna e bela, à qual não se poderá sensatamente opor restrições”, afirma Tibério Lobo, de Porto Alegre (RS), principal teólogo da Confraria. Segundo ele, a repressão atual traz pérfidas conseqüências aos jovens: reforço da marginalização, exclusão social e opressão, que pesam como estigmas sobre esta parcela da população. “Nada pode ser mais anticristão que isso”, conclui o teólogo.


 


A Confraria de Jesus Adolescente define a homossexualidade como uma ‘expressão da natural versatilidade criativa divina’ e, portanto, contrária à idéia de “ordem imutável” imposta pelos dogmas católicos. “Pois se até a degradação machista da mulher existente no Novo Testamento já foi abandonada, por que não as críticas aos gays?” Segundo a carta, enquanto a Igreja pensar e agir contrariamente à prática saudável da homossexualidade, ela estará ferindo os princípios da democracia e dos direitos humanos, ignorando as maiores conquistas sociais do mundo moderno.


 


Uma das reclamações do grupo é a de que a juventude homossexual, infelizmente, não está recebendo a devida orientação por parte da Igreja. O Grupo E-jovem de Adolescentes Gays, Lésbicas e Aliados estima que, no Brasil, 3 adolescentes gays cometam suicídio por dia. “Não caberia à Igreja tomar providências urgentes quanto a isso?”, pergunta a Confraria.


 


“É importante divulgar como os jovens gays vêem a doutrina católica”, explica Deco Ribeiro, de Campinas (SP), presidente do Grupo E-jovem. “Afinal, a juventude é base da sociedade. Ainda que o Estado brasileiro seja laico, ele não é desprovido de fé, pelo contrário: a Igreja ainda exerce uma influência muito poderosa. O papa dizer que a homossexualidade é um mal prejudica muita gente, católicos ou não.”


 


Membros da Confraria de Jesus Adolescente e do Grupo E-jovem participarão da vigília programada para a noite do dia 09 de maio, na Praça da República, em São Paulo, em respeito a todos os gays, lésbicas, travestis, transexuais e bissexuais que morreram por causa de perseguições de fundo religioso. “Vamos rogar a Nossa Senhora Aparecida pelo fim da homofobia”, afirma Deco Ribeiro.


 


A Confraria de Jesus Adolescente se define como um grupo formado por jovens espiritualistas, de caráter ecumênico, que aceita e inclui até facções consideradas fora do cristianismo tradicional, como os judeus, os neo-pagãos e outros. “Mas sempre tendo Jesus como referência”, explica Tibério. Uma geração de jovens contestadores, inquiridores, inspirada pelo Jesus menino de Lucas 2:42-47, que discute com os anciãos do Templo ao defender a sua interpretação das Escrituras. É  ligada ao Grupo E-jovem de Adolescentes Gays, Lésbicas e Aliados, a maior organização do país em defesa da juventude e da diversidade sexual, com mais de 3.600 membros. A carta, de 6 páginas, foi escrita coletivamente e é um libelo a favor da homossexualidade, levando em cuidadosa consideração o catequismo e os escritos da Igreja.


 


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