Controladores tiveram culpa no acidente da Gol, diz PF

O inquérito feito pela Polícia Federal e enviado à Justiça Federal sobre o acidente da Gol identificou uma série de erros, ou omissões, dos controladores de vôo responsáveis pelo monitoramente do jatinho Legacy, que se chocou com o avião da Gol em 29 d

Os erros teriam acontecido desde São José dos Campos, local de partida do jatinho Legacy, até Manaus, perto de onde aconteceu o choque.


 


A primeira falha teria acontecido antes do avião sair do solo, já que Brasília não informou para a torre de São José dos Campos o plano de vôo do Legacy com precisão.


 


Segundo o inquérito, em seguida, a torre de São José dos Campos, influenciada pela informação imprecisa, autorizou o vôo do Legacy a 3,700 pés. A informação valeria para o trecho São José dos Campos-Brasília, mas segundo o inquérito, da forma como a autorização foi dada pela torre paulista, cabia uma dupla interpretação de que o avião estaria autorizado a voar nesta altitude até Manaus.


 


Ainda segundo o inquérito, na torre de controle de Brasília, os controladores deixaram de dar o alerta sobre o não funcionamento do transponder do jatinho e acreditaram que a altitude aferida pelo radar primário, que é impreciso, estava correta. 


 


A altitude era de 3,600 pés, e além dos controladores confiarem nesta informação imprecisa, eles ainda passam esta informação para o próximo controlador de Manaus.


 


Mesmo crime dos pilotos americanos


 


A Polícia Federal alega que não tem atribuição legal para punir os controladores, mas que o crime detectado e descrito no inquérito seria semelhante ao que os pilotos americanos do jatinho, Joe Lepore e Jan Paladino, foram indiciados: o de botar em risco uma aeronave.


 


A diferença seria que os controladores seriam indiciados baseados no código penal militar. Segundo a investigação da Polícia Federal, a culpa dentro do controle de tráfego aéreo se concentra na torre de Brasília e seriam três os controladores responsáveis pelo acidente.


 



Mas a principal conclusão da Polícia Federal concluiu, após sete meses de investigação, é de que, apesar das falhas no controle de tráfego aéreo, são os pilotos americanos os responsáveis pelo acidente que matou 154 pessoas, na maior tragédia da aviação brasileira.


 


Aeronáutica


 



A assessoria de imprensa da Aeronáutica informou que o órgão ainda está analisando o caso, e que tem até setembro para apresentar o realatório final sobre o acidente.


 


Segundo a assessoria, o processo de investigação ainda está em andamento, e somente quando terminar vão apresentar as medidas a serem tomadas.


 



CPI deve convocar pilotos e controladores


 



Os pilotos do jato Legacy serão convocados para depor na CPI dos Aeroportos. A convocação foi pedida pelo relator, deputado Marco Maia (PT-RS), e aprovada na manhã desta quinta-feira. A data da audiência ainda não foi marcada.



Parlamentares avaliam que a conclusão do inquérito da PF vai acelerar os trabalhos da comissão.



A comissão também vai convocar o delegado responsável pelo inquérito da PF sobre o acidente com o avião da Gol, Renato Sayão. Ele prestará o primeiro depoimento, na próxima terça-feira. Também serão convocados os presidentes da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi; do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo, Jorge Botelho; da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo, Wellington Rodriges; e da Embraer, Frederico Fleury Curado. Serão chamados ainda o major-brigadeiro Ramon Borges Cardoso, e o presidente da Associação de Parentes e Amigos das Vítimas do Acidente da Gol, Jorge Cavalcante.


 


A CPI pedirá ainda informações sobre o acidente a diversos órgãos, como Polícia Federal, Tribunal de Contas da União (TCU), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Infraero. Este será o o ponto de partida das investigações da CPI, de acordo com o roteiro de trabalho elaborado pelo relator.


 


Em sua primeira reunião, na terça-feira, a CPI estabeleceu o cronograma de atuação e dividiu os trabalhos em cinco etapas, com a última prevista para ser concluída em 11 de setembro. O ministro da Defesa, Waldir Pires, afirmou que está à disposição da CPI para esclarecimentos, mas que seu ministério não tem responsabilidade pela crise aérea.


 


“Não há responsabilidade do Ministério da Defesa. A responsabilidade é dos acontecimentos”, disse Pires após uma cerimônia no Rio de Janeiro em comemoração aos 62 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. “Estou à disposição da CPI para qualquer instante. Esse é o meu destino, não há nenhuma hesitação”, acrescentou Pires.


 


 


Da redação,
com agências