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Eleição de 2008 é carro-chefe para reposicionamento político do PCdoB

Por Priscila Lobregatte


 


Reunido nesta sexta-feira, 11, no prédio do Comitê Central do PCdoB, o pleno da Comissão Nacional de Organização debateu o rumo das ações políticas e organizativas do partido tendo como perspectiva princip

Por isso, um dos pontos mais ressaltados foi a posição do partido frente à histórica aliança com o PT. Longe de querer romper a parceria, o PCdoB espera sim se lançar, sempre que possível, em candidaturas majoritárias próprias. A intenção é colocar a legenda num patamar diferenciado, de maior independência eleitoral. O partido espera também privilegiar o Bloco de Esquerda, que tem à frente, além dos comunistas, o PSB, o PDT, o PMN e o PAN. No próximo dia 22, inclusive, líderes destes partidos devem se reunir para definir a agenda de lançamento do Bloco em todo país.


 


 


Neste sentido, ao começar os debates, Walter Sorrentino, secretário nacional de Organização, salientou que as mudanças propostas pelo Comitê Central do PCdoB devem estar refletidas na tática para o próximo pleito. “O ano de 2008 é o carro-chefe de nosso reposicionamento político. São eleições importantes porque definirão as bases para 2010”, disse. Ele lembrou também que toda a tática eleitoral do partido terá de ser analisada tendo em vista a complexidade do partido. “O PCdoB tem importância política, mas representa apenas 2,13% dos eleitorados”, o que, segundo Sorrentino, é decorrente do posicionamento em campanhas anteriores, quando o partido privilegiou o apoio a outras candidaturas majoritárias concentrando-se na disputa proporcional. “Sofremos certa defasagem na política eleitoral”, lembrou.


 


 


Nos casos das candidaturas majoritárias, a manobra deverá ser arriscar, lançando nomes que tenham alguma representatividade local. No âmbito das candidaturas proporcionais, Sorrentino defende a atração de novos segmentos, o que exige dos comitês municipais e estaduais um trabalho mais intenso na base. O secretário ressaltou também a importância de se investir em candidaturas nas capitais afim de também fortalecer as das cidades menores. O PCdoB espera lançar ao menos 400 candidatos a prefeito, 20 em capitais. “Quem quer a paz, se preocupa com a guerra”, disse, referindo-se à necessidade de se trabalhar desde já para se obter resultados positivos em 2008.


 


 


Desafios imediatos


Sorrentino também tratou dos obstáculos que o PCdoB terá de enfrentar para o êxito de sua tática. Entre eles está o comprometimento que, ao longo dos anos, o partido teve com o PT. Segundo o dirigente, não se trata de antipetismo, mas de trilharmos um caminho diferenciado. A análise desse quadro, segundo ele, deve ser cuidadosa, observando município por município, evitando o desarranjo do campo político de nossa atuação. “Não queremos a tática do isolamento, mas ser mais do que bons aliados”, explicou.


 


 


Outra questão colocada foi a do binômio concentração-coligação. De acordo com Sorrentino, trata-se de uma tática com a qual o PCdoB tem trabalhado nos últimos anos. É  preciso observar que hoje o repertório foi ampliado, com a disputa majoritária e com a chapa própria para o Legislativo, devendo o partido atuar intensivamente para ter mais candidatos a prefeitos e mais chapas próprias, alcançando o coeficiente eleitoral.


 


 


Sorrentino também chamou atenção para a inconstância da institucionalidade eleitoral. Devido ao debate sobre a fidelidade partidária – bandeira tradicionalmente defendida pelo PCdoB – pode surgir entraves para a entrada de novas lideranças para as fileiras comunistas, o que mudaria o tabuleiro do jogo das candidaturas. No entanto, ele lembrou que em 30 de setembro termina o prazo para que possíveis candidatos às eleições de 2008 se filiem às legendas e que tal indefinição não deve atrapalhar a indicação dos nomes irão que concorrer.


 


 


Mais filiações, maior responsabilidade


Neste primeiro semestre, o PCdoB tem ganhado novos filiados em diversos estados, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, vindos de várias frentes sociais, de sindicalistas a líderes indígenas. Conforme salientou Sorrentino, isso acontece porque o PCdoB tem se colocado de uma maneira diferenciada no cenário nacional, mantendo sua identidade e, ao mesmo tempo, defendendo o governo Lula sem deixar de criticá-lo em temas como a política macro-econômica e as reformas trabalhista e da Previdência, entre outros. “Essa situação é muito positiva, mas também nos impõe maior responsabilidade. É preciso lembrar que vivemos de política, mas com base na seriedade, na união do partido e na sua coerência”, alertou.


 


 


Quanto à preocupação sobre a maior abertura para a filiação de lideranças e nomes de prestígio na sociedade, Sorrentino disse que o PCdoB “não é uma legenda de aluguel” e que o partido deve confiar na nova tática uma vez que o próprio Estatuto impõe regras bastante claras para a entrada de novos correligionários. “Podemos abrir as portas do partido com ousadia, mas também com rigor”, explicou.


 


 


Agenda organizativa


Durante a reunião, a CNO propôs alguns pontos que deverão ser colocados em prática pelos comitês estaduais desde já. Entre eles, destacam-se a construção das conferências estaduais e o estabelecimento de metas de mobilização, até junho; a observação dos 30% de mulheres nas delegações, conforme deliberou a 1ª Conferência Nacional sobre a Questão da Mulher; o fortalecimento da Carteira Nacional de Militante; a convocação de plenárias de filiados; a intensificação da campanha de crescimento e valorização da militância e a instauração de uma agenda bilateral entre direções nacional e estadual.


 


 


Para o êxito da tática comunista de expansão, um ponto fundamental é a capacitação dos quadros intermediários do partido. O assunto foi tratado pelo secretário de Formação do PCdoB, Adalberto Monteiro. “Estes militantes são a espinha dorsal para a execução da política partidária. Por isso, as direções estaduais devem zelar pela formação dos nossos quadros”. Monteiro pediu empenho dos dirigentes para a implantação das seções da Escola Nacional. Hoje, são nove em todo país.


 


 


O secretário lembrou também que está marcado para os dias 19 a 29 de julho um curso intensivo voltado para a nova geração de quadros do PCdoB. “Num país continental como o Brasil, a Escola precisa ter seções estaduais. Isso demanda a aplicação de recursos humanos e financeiros no presente, mas traz resultados perenes”, argumentou Monteiro.


 


 


O encontro seguiu ao longo do dia, com a apresentação – pelos membros da CNO plena e convidados da área de organização do partido – das situações e perspectivas locais. Sorrentino finalizou a reunião dizendo que “o voto comunista é expressão de nossas bases sociais” e que os dirigentes estaduais precisam “tirar a ousadia do plano do discurso e colocá-la no plano da concretude com base numa avaliação política detalhada das realidades locais”. A reunião segue neste sábado, dia 12, pautada pela política de quadros do PCdoB.