Inácio defende integração das riquezas no Parlamento do Mercosul

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) fez um balanço das primeiras reuniões do Parlamento do Mercosul, das quais ele participou como membro titular, na semana passada, em Montevidéu, no Uruguai. Ele ressaltou a importância de unir os povos latino-american

Para o senador, o principal desafio é integrar a riqueza desses países de forma efetiva, como o gás, o petróleo, a energia hidrelétrica e eólica, além do etanol e do biodiesel. Ele deu o exemplo do aqüífero Guarani, que une o Uruguai, a Argentina, o Paraguai e o Brasil por meio de suas águas, a mais importante riqueza mineral do Planeta.



“Quantas outras questões podemos solucionar em conjunto, integrando a nossa região?”, indagou, avaliando que o Parlamento do Mercosul vai colaborar com a integração mais efetiva dos países do Cone Sul.



“Estamos constituindo um Parlamento que pode ecoar o sentimento da unidade, de como os povos vão transitar livremente nos nossos territórios, de como tratar a questão laboral das várias categorias”, afirmou. “Temos a oportunidade, naquele Parlamento, de tratar de questões concretas, da vida do nosso povo e do povo do Mercosul, que se vai unindo nesse Parlamento que surge”, explicou.



Gigante das Américas



Inácio ressaltou o caráter inédito da instituição e que ela vem coroar uma longa história de lutas pela integração do continente: “O Parlamento do Mercosul acolhe um conjunto de nacionalidades e etnias. O desenho institucional é novo, mas as idéias que o fundam estavam latentes, repousam nas lutas libertárias de verdadeiros gigantes das Américas, como José Martín, Bolívar e o nosso Tiradentes, que se comunicava com os povos das Américas. Somam-se a esses bravos homens e mulheres que, no século XX, enfrentaram corajosamente as violentas e sanguinárias ditaduras”, relembrou.
 


O Senador citou ainda várias personalidades que colaboraram para a caminhada de união dos povos latino-americanos, como Pablo Neruda, Patativa do Assaré, Chico Buarque, entre outros.  “Ao constituir o parlamento do Mercosul estamos construindo a história. Ela será vista e lida, logo adiante. É só termos paciência e a sensibilidade daqueles que tecem o amanhã”, resumiu.



O senador Inácio Arruda manifestou seu entusiasmo com a criação, no futuro, de um bloco comercial sul-americano, em moldes similares ao da União Européia, com moeda única.



De costas



Ele citou entrevista concedida pelo presidente Lula ao jornalista Bob Fernandes, do portal Terra Magazine, sobre a possibilidade de maior inserção e integração da América do Sul com a instalação do Parlamento do Mercosul.



“Sua Excelência trata da nossa inserção ainda maior na América do Sul, da integração ainda maior do maior País da América do Sul com os seus vizinhos, e registra que, durante décadas, senão séculos, vivemos de costas uns para os outros. E não foi a distância da língua, pois são línguas latinas. O entendimento seria mais do que razoável, mas ficamos distantes. Agora, porém, podemos dizer que o Estado brasileiro, com a política externa patrocinada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, busca uma aproximação forte”, afirmou.



Novo comércio



Inácio explicou que as possíveis negociações no âmbito do Mercado Comum do Sul envolvendo nossas moedas – o Brasil com o real e a Argentina com o peso –, fazendo trocas comerciais sem depender do dólar, possuem altíssimo significado: “É algo que pode transformar-se numa realidade. Se juntarmos esses dois fatores, poderemos ter um novo ambiente de comércio entre as nações sul-americanas”, anteviu.



O senador ressaltou porém que a moeda única é um passo largo: “Temos que maturar no tempo, é evidente. É um tema que devemos discutir no Parlamento brasileiro e também no âmbito do Parlamento do Mercosul, para que todo esse debate não se restrinja a executivos, mas seja um debate da sociedade. E o Parlamento é a casa da sociedade, da representação do povo da região como um todo”, afirmou.



Além da soma das potencialidades dos diversos países que integram o Mercosul, o parlamentar enfatizou que deve-se respeitar suas diferenças, mas buscando a unidade cultural, o que irá requerer um esforço conjunto e muito debate.  “Muitas vezes ficamos com a idéia, quando ouvimos um discurso de um outro presidente, de reagir, de atirar logo uma pedra. Somos da unidade. Queremos atrair essas nações para essa grande unidade sul-americana”.



E acrescentou que: “o Mercosul é esse espaço fabuloso que se abre para que possamos elevar esse capital humano, que é mais significativo, para que o povo possa transitar e para que possamos ter uma elevação do ponto de vista cultura”, enfatizou.



Inácio falou também da possibilidade de criação de um banco para a região do Cone Sul. “É alentador ver o Presidente do Brasil se referir à criação de um banco sul-americano, no âmbito do Mercosul, o que tem papel estratégico para o desenvolvimento e a integração da região; um banco que possa garantir o financiamento de fundos para resgatar, digamos, a dívida histórica muito grande que temos que resgatar, do ponto de vista social, que temos com os países que formam o bloco do Mercado Comum do Sul”, disse.



De Brasília
Aline Pizatto