Corrupção: Wolfowitz está fora do Banco Mundial

Após semanas tentando se agarrar ao cargo de presidente do Banco Mundial, o americano Paul Wolfowitz finalmente deixa o emprego. A razão de sua saída deve-se ao caso de corrupção que envolveu a sua namorada. Wolfowitz, no entanto, conseguiu negociar a saí

Segundo a mídia corporativa, o ex-ideólogo neo-conservador do Pentágono pediu demissão, por não resistir à pressão que o caso provocou contra si. Mas Wolfowitz conseguiu negociar a saída sem a censura pública da administração. Bush lamentou que “as coisas tenham chegado a este ponto” e cabe-lhe agora nomear o sucessor para ocupar o lugar que ficará vago a partir de 30 de junho, um poder que a Casa Branca exerce desde a fundação do Banco.



As críticas sobre a conduta de Paul Wolfowitz, nomeado por Bush para dirigir o Banco Mundial em 2005, foram aumentando no último mês, tendo fracassado as tentativas americanas de segurar um dos falcões da guerra do Iraque.



Os países do G-7, à exceção do Japão, consideraram que a atitude de Wolfowitz tinha violado as regras de transparência que o Banco defende para os governos a quem faz empréstimos e colabora em projetos diversos. A única opção para o ex-braço direito de Rumsfeld seria a porta da rua.


 


Sua namorada, Shaha Riza, foi transferida para o gabinete de Condoleeza Rice no governo dos EUA, assim que Wolfowitz assumiu o banco, mas ele deu ordens que o salário de sua namorada fosse elevado para valores que excediam o da própria Secretária de Estado.


 


Quando o escândalo ganhou as ruas, Wolfowitz tentou negar a sua responsabilidade, afirmando que não tinha violado nenhuma norma interna e que tinha agido de “boa fé” e no “respeito pela ética”. Mas a infração foi tão importante que poucos dias depois a manutenção dele no cargo se tornou insustentável.


 


Wolfowitz e a direção do Banco Mundial optaram então por procurar uma saída negociada, fazendo Wolfowitz abandonar o cargo de “livre vontade” em troca de uma declaração pública da instituição “abonando” a sua boa conduta e retirando responsabilidades maiores no caso do favorecimento.


 


Quinta-feira à noite, a direção do banco emitiu um comunicado no qual afirmou que “uma série de erros foram cometidos por várias pessoas no tratamento deste caso” e que a organização do Banco não esteve à altura da situação para a resolver da melhor maneira.


 


O caso Wolfowitz, que nas últimas semanas levantou o debate sobre este organismo, poderá abrir uma discussão sobre a validade do acordo tácito que concede a presidência do Bando Mundial a um americano e a direção do Fundo Monetário Internacional (FMI) a um europeu.


 


Paul Wolfowitz, antigo secretário da Defesa da administração Bush, e responsável direto pela guerra e ocupação do Iraque, assumiu a liderança do Banco Mundial em 2005. De maneira previsível, a demissão foi recebida com relutância pela Casa Branca.


 


Blair entre os candidatos


 


O ex-presidente da Reserva Federal dos EUA, Paul Volcker, e o atual presidente do Banco de Israel, Stanley Fischer, são os candidatos que a mídia internacional aponta para ocupar o cargo vacante.


 


Mas pode haver até uma reviravolta na presidência da instituição, caso as declarações do Nobel da Economia Joseph Stiglitz à Rádio 5, da cadeia pública britânica BBC, se transformem em realidade.



Stiglitz especula que o ainda primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, é um dos nomes “mais indicados”, quebrando a tradição de apontar um americano de nascimento. “Blair foi claramente um líder político que teve contatos que são necessários, que seria útil como presidente da instituição”, defende Stiglitz, apontando uma cadeira importante para o aliado mais fiel dos EUA na Europa, que deixará o posto de primeiro-ministro em 27 de junho deste ano.


 


Com agências internacionais