Leonardo Boff vai a 'encontro de perseguidos' na Espanha, diz jornal

O novo episódio da disputa entre a cúpula da Igreja Católica e os teólogos da libertação é um “encontro de perseguidos” na Espanha ao qual comparecerá o teólogo brasileiro Leonardo Boff, diz nesta sexta-feira uma matéria do jornal espanhol El Mundo.

Boff, “a figura mais emblemática deste movimento censurado pelo Vaticano”, visitará no país a pequena paróquia de San Carlos Borromeo, uma igreja que está sendo ameaçada de fechamento por não seguir a liturgia oficial segundo as instruções do Vaticano, afirma a matéria.


 


O teólogo participará de um encontro com a comunidade, párocos locais e grupos cristãos que defendem uma religiosidade politicamente engajada.


 


Para o jornal, a visita de Boff é “uma espécie de internacionalização do conflito entre a paróquia dos marginalizados e a Igreja Católica”, menos de uma semana após a visita ao Brasil do papa Bento 16, responsável por silenciar Leonardo Boff nos anos 70.


 


“No calendário da igreja dos pobres, há um círculo vermelho ao redor do dia 1º de junho: 'Chega Leonardo Boff'”, diz o texto.


 


O El Mundo destaca que o encontro será “cheio de mensagems, um encontro de perseguidos que fazem a Teologia da Libertação dos dois lados do Atlântico”.


 


'Tom fundamentalista'


 


Às vésperas da visita, o próprio Boff publica na imprensa internacional um artigo em que atribui ao papa Bento 16 “um tom fundamentalista” durante sua visita ao Brasil.


 


Para Boff, que assina os textos no argentino La Nación e no austríaco Der Standard, há no Brasil “dois modelos de catolicismo: um devoto e outro de compromisso ético”.


 


“O primeiro tem um cunho popular centrado na devoção dos santos, a oração, as peregrinações, e hoje, em sua forma moderna, na dramatização midiática com forte conteúdo emocional.”


 


“O catolicismo de compromisso ético se inspira na ações católica e nas pastorais sociais, e culmina com a teologia da libertação”, ele escreve.


 


Boff diz que a opção clara de Bento 16 pelo primeiro modelo “dificultará o diálogo religioso”: “É uma teologia sem o Espírito, pois tudo se reduz a Cristo, o que na teologia se denomina cristomonismo – a 'ditadura' de Cristo na Igreja”, critica.


 


Entretanto, o frei sustenta que o catolicismo que propõe – “de rosto índio-negro-latino-americano” – não está contra o romano, mas “em comunhão com ele”.


 


Fonte: BBC Brasil