Israel ameaça deter novamente físico dissidente

Um tribunal israelense declarou em 30 de abril que o físico Mordechai Vanunu violou a proibição de conceder entrevistas a jornalistas estrangeiros, usando como argumento matérias publicadas no site Rede Voltaire e em mídias britânicas, americanas, autrali

Vanunu, que foi condenado a 18 anos de reclusão em 1986 por revelar ao jornal The Sunday Times as atividades nucleares israelenses, na época levadas a cabo na usina de Dimona, onde trabalhava como engenheiro, foi libertado em 2004, ao cumprir a sentença.



Porém, continuou sendo objeto de uma série de restrições, renovadas anualmente, entre as quais está a proibição de sair de Israel e de manter contato com jornalistas estrangeiros.



Essas restrições continuavam vigorando dez dias antes da realização do novo julgamento. Embora o mundo já saiba que Israel dispõe de armas atômicas, o governo israelense mantém as medidas impostas com o objetivo de calar a voz de um dos seus principais dissidentes.



Mordechai Vanunu denuncia periódicamente as práticas do governo israelense, que qualifica de apartheid. Na entrevista que concedeu em 2005 ao site Rede Voltaire, declarou: “Não podemos aceitar esse Estado judeu. O Estado judeu de Israel é o contrário de uma democracia. Precisamos de um Estado para todos nós cidadãos, quaisquer que sejam as crenças religiosas deles.



Para Vanunu, “a solução está em um Estado único, para todos os habitantes, de qualquer religião, como acontece em democracias como França e Suiça, e que não seja um Estado para os judeus. Um Estado judeu não tem absolutamente nenhuma razão de ser”.



O físico completa afirmando que “os judeus não precisam de um regime fundamentalista como o que reina no Irã. Precisamos de uma verdadeira democracia, que respeite os seres humanos. Hoje temos no Oriente Médio dois estados fundamentalistas: Irã e Israel. Mas Israel está muito mais adiantado em matéria de fundamentalismo que o Irã”.



A decisão do tribunal israelense poderá enviar novamente Mordechai Vanunu
ao cárcere. A sentença, que pode ser objeto de uma posterior apelação, será revelada no fim deste mês.